Campanha eleitoral

Estamos en Campanha eleitoral e quando vejo videos como este....



Faço GLUP...

Logo eu

Ontem entrevistamos a um político. Hoje a outro. Amanhã, um economista.
Logo eu, que queria trabalhar em cultura ou, quem sabe, em sociedade. Eu, que queria chegar ao coração das pessoas, queria melhorar a vida à minha volta, queria contribuir com o meu grão de areia para fazer um mundo melhor.
Eu
agora sou daquelas pessoas que acredita que a economia e a política são os temas mais importantes para a sociedade. Que é preciso debater, criticar, conhecer, fazer retrospectiva, estudar, analisar as suas agendas, as suas decisões, os seus olhares e comportamentos.
Seca? Não. Dever cívico.
Eu queria ser o contrapoder para mudar a vida das pessoas e agora acredito que é falando, criticando, perguntando e reclamando que podemos chegar lá. Esclarecer o cidadão para que ele tenha uma voz mais respeitada.
Logo eu a dizer isto. Logo eu.

Khadafi vs. ETA

Já morreu?
Essas foram as primeira palavra que pronunciei ao chegar à redacção meio despenteada, meio acordada, meio a correr. Tinha lido as noticias em casa. Pus uma roupa qualquer, fiz duas chamadas e arranquei o carro. O programa pensado naquela manhã já não valia. As noticias ainda eram difusas e precisávamos de um plano B. Ainda era cedo, ainda dava tempo, ainda não havia problema. Até porque ele ainda não tinha morrido (oficialmente).
E então veio a confirmação e depois chegaram os vídeos. Uma reunião para corrigir os reajustes e parecia que tudo estava em ordem.
Até que começaram os rumores.
"Pode ser que a ETA (grupo terrorista espanhol que matou mais de 500 pessoas ao longo de 40 anos) se dissolva hoje".
Rumores, só rumores. Até que de repente, um alerta no twitter, um telefone que toca. Um grito. Dois, três. Não podia ser verdade, mas era verdade. Eu estava a viver o acontecimento noticioso mais esperado das últimas décadas. Qual Khadafi, qual quê. Eu ia dar aquela noticia que todo o jornalista sempre sonhou em dar. Aquilo estava mesmo a acontecer. ETA estava mesmo a anunciar o final da violência. E, pior, eram 7 da tarde.
Reunião do comité de crise e nunca aquela redacção trabalhou tão rápido. Enquanto gritávamos "isto não pode estar a acontecer, não acredito que estou a viver isto", trabalhávamos como nunca tínhamos trabalhado. Ninguém se foi e houve gente que até voltou. "Vi a noticia e vim a correr, não podia ficar em casa num dia como hoje".
Hoje era O dia.
E de repente já estávamos em directo. Tivemos comentários, opiniões especializadas e declarações políticas por satélite. Tivemos adrenalina e muita audiência. Um plano do dia que se foi por água abaixo. E duas noticias. Duas noticias demasiado importantes para passar no mesmo dia. E o melhor de tudo, foi que fomos capazes de analisar em profundidade as duas.
Quando tudo acabou e cheguei a casa não podia dormir. Só pensava, "nunca mais vou esquecer este dia".

Siameses

Ontem disseram-me que o mundo é feito de siameses. Os siameses amam-se antes de nascer e é por isso que nascem abraçados. Mas quando nascem, contaram-me, já não se podem separar e então começam as discussões, as lutas e o ódio. No final fartam-se, um ganha e empurra o outro pela janela, mas nessa altura o vencedor não se apercebe que estão presos e que se um cai, o outro irá com ele.

Há muito tempo que não gostava tanto de um filme

Solteira, sem filhos

Hoje na aula de italiano estávamos a brincar aos jornalistas. Tinhamos de contar coisas sobre a nossa família. E então a rapariga que me estava a entrevistar pergunta.
- És casada?
- Não, solteira.
(dificuldades para fazer a seguinte pergunta. Um silencio desconfortável e ela finalmente consegue seguir)
- Então filhos…..
- Não, também não tenho filhos…
(umas caretas, uns olhares frustados e continúa)
- E irmãos tens?
- Sim, tenho um, mais velho, que está agora a viver nos Estados Unidos.
(eu ali dando-lhe pistas para ver a mulher desembananava. E então a cara dela se ilumina):
- E ele é casado? Tem filhos?

Esta, meus amigos, é a sociedade em que vivemos

Este foi o resultado...

Un país de vellos

Un país de vellos

Acabou. Foi um mês de noites agitadas, madrugadas trabalhosas, despertadores que tocavam demasiado cedo. Foi um mês de viagens, entrevistas, planos, recursos e textos. Foi um mês de pesquisa, de números, de músicas e de ideias. Semanas de montagem, de superar-se, de gostar. De não gostar. De dúvidas, perguntas e conselhos. Agora já está. Clicámos em finalizar projecto e apagámos o computador. Já tenho um DVD em casa que depois de 15 minutos vem escrito o meu nome. E eu gosto desses 15 minutos. Amo-os. Mas também os odeio muito. Penso em tudo o que podia ter sido melhor, anoto os erros, vejo falhas onde mais ninguém vê, corroo-me por dentro cada vez que clico em play. Amanhã será emitido com todos os seus defeitos, imperfeições, beleza, harmonia e superação. Amanhã é o grande dia. Daqui a um mês a história repete-se.

Um cheirinho a Portugal

Decidimos do nada. E do nada fomos. Convidaram-nos para ficar. Ficámos. A viagem foi longa. Havia demasiadas paradinhas planeadas. O jogo do eurobasquet, o arroz de feijão, a bienal de arte contemporânea. E quando chegamos já era de noite. Fomos recebidos com gomas e sushi (há melhor combinação no mundo?). De pequeno almoço, queijo, e de almoço passeios pelas ruas solarengas da cidade do berço. E depois um sangria e outra mais. Mas por que é que vocês bebem tanta sangria, diz o galego. E nós rimo-nos na cara dele. Toda a gente sabe que, na verdade, a sangria é uma invenção portuguesa. Também houve música e dança. O outro aprendeu a dizer Bueda Fixe e Que se lixe. Salada de grão, shots de pastel de nata, pão com toucinho. Ah, e mais sangria. Também queriamos conhecer o castelo, mas enganamo-nos de caminho. Acabámos num parque natural. Também serve. E sempre que volto, penso, deveria fazer isto mais vezes.

O meu casamento vai bem, obrigada!

O casamento

Há uns meses que estou casada. Uma experiência enriquecedora, eu diria.
Vivemos juntos. Dormimos juntos, acordamos juntos e até trabalhamos juntos. Penso nele todos os dias, durante todo o dia. Às vezes até tento desligar-me. Vou sair com os meus amigos... mas é inevitável. De repente, sem aperceber-me, lá estou eu, outra vez, a pensar nele. No duche, no café, na natação. Em sonhos, durante o jantar, na publicidade do programa.
Não somos sempre felizes, tenho de admitir. O stress, o dia-a-dia, a pressão de ser perfeitos. Mas vamos aguentando e, o mais importante, estamos a evoluir. Juntos.
Esta é a primeira vez que faço uma grande reportagem. Entre o pré-guião, guião, músicas, planos, cortes, recursos, gráficos e textos, estou totalmente absorvida pelo bicho.
Mas não faz mal, pus a aliança no dedo e assumi que durante este mês viveremos um para o outro. Em outubro peço o divorcio. Mas até lá, meus amigos, não tentem falar comigo de nenhum tema que não seja o "envelhecimento da população". Nunca achei que esses velhinhos tão simpáticos e carinhosos me iam dar tanto trabalho.

Eu durmo.
É uma daquelas qualidades que pai e mãe não babam aos amigos, nem vem nas aptidões do currículo. Mas devia.
Porque enquanto os outros vem "tele-basura", dão beijinhos na almofada, desperdiçam horas de actividade mental dando voltas e voltas aos mesmo assuntos. Eu durmo.
No avião, no carro, na praia. Na minha cama ou em cama alheia. Sem cama.
Fecho os olhos. Durmo.
Sou pouco rentável para os chás de tília, para os ginásios nocturnos e para as conversas de meia-noite.
Não sou delicada, agradável, rica ou sei lá se sou especialmente fértil. Quando alguém se aproximar e perguntar-me as minhas principais virtudes. Já decidi. Vou só dizer.
Eu. Durmo.

Nova Temporada

Volto das férias com uma sensação de nova temporada. De etapa terminada, etapa a começar. Vivo estes últimos dias com expectativa. De meses prometedores, trabalhos exigentes, recompensadores. Pára de pensar nisso, ainda estás de férias.
Eu sei, mas uma nova etapa está quase a começar.
Sou uma menina à espera do primeiro dia de aulas do quito ano.

O cavalo

Os 40 graus nos perseguiam e tambem as criancas que gritavam Hallo. Mas agora ja nao eramos 3. Tinhamos companhia.
O stranger.
E foi quando estavamos sentados num bar a espera que o sol se pusesse e chegasse a melhor parte do ramadao (a comida), que ele propos jogar um jogo. Nos, portugueses educados, nao pudemos negar. Imagina um deserto com um cubo, uma escada, um oasis e um cavalo.
Imaginado.
O cubo e o teu ego (grande e transparente). A escada como os outros podem chegar ate ti (acesivel, robusta). O oasis o teu lugar seguro, a tua tranquilidade (fresco, proximo e usado com frequencia).
E entao um deles *eu* comeca a gritar. Nao, nao, nao, nao quero continuar a jogar.
Por que?
O cavalo. Tenho medo. Nao quero saber.
Risota.
E ele diz com aquela voz grave que o caracteriza.
O cavalo, como devem imaginar, e a pessoa da vossa vida. A vossa alma gemea, I mean.
Alguem *eu* comeca a rir-se. A rir muito. Os outros contam que os seus respectivos estao ali, deitados ao pe da escada, a beber agua do oasis.
Digo que nao gosto desde jogo.
E entao confesso. Este cavalo *o meu* era um cavalo livre. Eu via-o ao fundo, bem ao fundo do meu deserto, a correr sem rumo e eu nao podia alcanca-lo.
Um silencio na mesa. Uns olhares desconfortaveis. Uma proposta para comprar um gato.
Mas, again, isto era so um jogo. Um jogo psicologico.

o homem descansa

Chegamos com as malas leves e a barriga vazia. A cerveja chama-se Efes e a comida Kebab. Enfrentemos a realidade. Brindamos a nos e aos outros. E Tesekkurler/ Obrigado/
Dancamos no telhado e *dizem* fomos os reis da festa. Dois reis e uma rainha.
Foi tambem no telhado onde dormimos. Debaixo das estrelas (e de uma rede de mosquitos). E ali (no chao do telhado) acorda-se cedo. Os 40 graus nao perdoam. Mas tambem nao perdoam as obrigacoes de uma mulher de saia comprida e cabeca tapada *eu*.
As 7 da manha e preciso fazer o pao. Amassa a massa. Estende a massa. Cozinha a massa. Paozinho quente para todos. Homens, toca a acordar.
E comemos tomate, pepinos e beringela. Sempre tomate, pepino e beringela. Isso e uns iogurtes amargos que eu nao tenho coragem de tragar. Uma sesta e a mulher volta ao ataque. Ordenhar a ovelha.
Tambem posso, diz ele
Claro que nao, respondem ofendidos, isso e trabalho de mulher
E o homem o que faz, pergunta o turista sedento de novas experiencias.
O homem descansa.


sonra görüşürüz

A vida em 20 minutos

Hoje, enquanto passava as fotos de um computador a outro, vivi a minha vida em frames de 1 segundo. Não tive sequer tempo para respirar. Quando acabava um suspiro já tinha passado um mês, às vezes um ano. E então dava uma gargalhada, mas durante o sorriso algo me fazia querer chorar. Quando acabou tive um sentimento estranho. Estava cansada da intensidade daquele momento. Desconcertada por voltar a ver um eu que já não reconheço. Abalada por ter vivido tanto em tão pouco. Cinco anos em 11.200 fotos. E que GRANDES anos.

Hola.

Essa cabeça

Vou levar aqueles calções e aquela saia. Esta fica melhor com aquela camisola. Preciso comprar uns tenis, uma t-shirt e um protector solar. Levo ou não levo secador?. Sandálias, chinelos e casaco. !Que mochila tão grande!. Só espero que o cartão de crédito funcione. Passaporte. Ah, e um presente para a Çaglar. Saudades dos amigos. Praia, bikini e roupa confortável.
Quero lá saber de política: bem-vindos à minha cabeça.

As escolhas

Ultimamente tenho pensado muito nisso. Nas escolhas.
Porque de repente vais lá e recebes um shot corrosivo de realidade. Daquela que poderia ter sido a tua realidade. Vais lá, olhas à tua volta, e reconheces aquilo. Uma sensação de passado, um gostinho do que podias ter sido. E abdicaste.
Aquelas pessoas, aquele andar, aquela forma de estar na vida. Penso que eu poderia ter sido assim. Poderia sentir-me integrada naquele mundo. Poderia acreditar naquela felicidade.
Mas não sou.
Tenho uma tendência para olhar para o passado com alguma arrogância, superioridade. O presente é melhor e do futuro nem falar. Mas daquela vez não senti isso. Senti apenas nostalgia.
Nostalgia de uma vida que já não me pertence. Se calhar nunca me pertenceu.
Nostalgia de um presente que poderia ter sido.
Dessa vez não me senti melhor, nem pior. Só parei e pus-me a pensar nisso. Nas escolhas.

Nomes telefónicos

Passou-me duas vezes esta semana.
- Pera ai que eu ligo ao teu namorado e já resolvo isso.
A minha amiga estava ocupada, então pego no seu telemóvel e procuro o nome do dito cujo. E não é que vou à agenda e o nome não esta? Opção B. Vou ás ultimas chamadas e, como era de prever:
- É este que põe Cariño?
Sim, diz ela com naturalidade.
...
Depois foi um telefone que tocava na redação.
- Não-sei-quantas ta a tocar o teu telefone!
- Vê ai quem é.
- É...... hmmm.... o "pequenino".
- Ah, deixa que eu ligo-lhe mais tarde.
E continuou o seu trabalho como se nada tivesse acontecido.
Estas são as mesmas pessoas que depois acabam com os namorados, zangam-se e substituem esses nomes apaixonados por: "Não atender".
(conclusão baseada em factos reais)

O limbo dos ets

Foi no meio de uma reflexão sobre a vida que eu disse.
Na vida há dois tipos de pessoas. As que sabem que querem casar, ter filhos, um cão e um jardim. E as que têm a certeza que não querem nada disso. Preferem a independência, as viagens e a liberdade total.
Ele respondeu.
Há esses dois grupos e depois há os do limbo. Os que não sabem o que querem até o presente acontecer.
Eu.
Mas esses são poucos. Toda a gente sabe sonha com um futuro. Nós somos uns ets.
Ele.
O limbo são todos. Os outros são ets.

Hasta luego Vía V

Foram 163 programas. A nossa primeira temporada completa. De lunes a jueves. Todos os de-lunes-a-jueves do ano. Passasse o que passasse. E passou tanta coisa. Houve eleiçoes, escandalos, corrupçao, roubos, assassinatos e reformas do governo. E nós estavamos ali para debater, discutir e analizar. Afinal somos "uma tertulia". Um programa serio. Mas nao tao serio. Uma hora e meia que tem a nossa cara.





E foi assim que ontém nos despedimos até setembro. E voltaremos com muitas novidades.
Já vos disse que adoro o meu trabalho?

As nacionalidades

Eu falo sempre disto e toda a gente diz que me entende. Eu falo sempre disto e acho que quase ninguém me entende. Ser imigrante não é fácil. Ser imigrante trabalhadora num país de 5 milhões de desempregados é pior.
Às vezes dizem-no e outras deixam-no no ar. Às vezes dirigem-se a ti e outras esquecem-se que estão a falar de ti. "O país já está como está e ainda vêm os imigrantes a tirar-nos o trabalho". Esta ouvi num taxi. "Por que é que TU tens trabalho e EU não?". Esta foi enviada por email. "Posso saber o que a senhora faz em Espanha?". Esta disse-me o polícia que logo depois resolveu registar o meu carro (porta-luvas incluído).
São parte do meu dia a dia e eu engulo-as. Vou engolindo. E sempre que chego a algum lado, a pergunta quebra-gelo. "E tu de onde és?". E é nessa altura que me apetece gritar-lhe e dizer: "Sou tanto daqui como tu". Trabalho, pago os impostos, consumo, critico, voto, manifesto-me, ajudo, viajo e divulgo. Sou igual, pior e melhor que todos os outros residentes nesta cidade, neste país e neste continente. E se não tens trabalho, pega nas tuas coisas, e vai ocupar o meu posto em Portugal, no Brasil, em Itália ou de onde quer que eu seja. Porque não sou de nenhum lado. Ninguém é de nenhum lado.
Já estou farta das nacionalidades.

Noites

Às vezes o dia é só uma noite.

The euro Song

Depois do assassino financeiro, agora a Cançao do euro:








GENIAL!

Ex assassino financeiro

Um ex assassino financeiro explica-nos como se destroi um país:

Alegre

Depois de uma boa noticia na sexta. De "estourar" o cartão de crédito no sábado, de comer a "melhor tortilla de espanha" e dormir a sesta no parque no domingo. Hoje sinto-me no direito de estar de ressaca e de unir-me a este clube:


Autch!





33 pontos para Hoogerland

NOW

"IT is Sunday afternoon, preferably before the war. The wife is already asleep in the armchair, and the children have been sent out for a nice long walk. You put your feet up on the sofa, settle your spectacles on your nose and open the News of the World."
Pelo jornalismo de verdade. Goodbye.

Quem paga é o Estado

Ontem pela primeira vez na vida recebi dinheiro do estado. Convidei os meus amigos para almoçar no melhor japonês da cidade. À noite fomos beber cerveja e hoje vamos ao Ikea decorar a nossa casa. E, desde então, a frase mais popular de todas as conversas é: "Não te preocupes, não sou eu que pago, quem paga é o Estado". Uma sensação inexplicável.

Second paragraph

Num momento em que mais do que nunca se discute os limites da nossa profissão, dei comigo a pensar em Billy Wilder e a síndrome do segundo parágrafo.

Who the hell's going to read the second paragraph?


Códice calixtino

Hoje a Galiza foi noticia em todo o mundo. Roubaram (dizem que é mais adequado dizer furtaram) o Códice Calixtino da catedral de Santiago de Compostela. Uma obra do século XII de valor incalculável.

A fechadura nao tinha sido forçada e nenhuma das camaras de segurança estavam apontadas para a caixa forte. A obra nao tinha seguro e só tres pessoas tinham acesso ao lugar onde estava guardada.
Sinto-me num livro de Dan Brown.

Chamem-me Dramarina.

Caracol



A vida não é para os apressados.

Carros

Estávamos a falar de carros e dos problemas (e prejuízos) que eles dão.
E eu disse:
- Os carros, já sabes, são como....
Ela não me deixou acabar a frase e se precipitou:
- .... Como as pessoas. Umas saem bem e outras saem mal.
Eu ia dizer que era como os computadores, mas gostei da analogia. E eu conheço uns quantos (carros? computadores? pessoas?) que saíram - bem - mal.

Los 5 millones

Então um dia a minha amiga chega ao trabalho e a chefe pergunta-lhe se quer ir tomar um café. Ela estremece e diz que sim. Chegam la e falam do tempo. Como já é verão e ainda faz frio. E a minha amiga pressiona. "Então chefe, o que é que me queria dizer?". A cara da chefe congela e começa num choro compulsivo. "Gostamos muito do teu trabalho. Mas estamos sem dinheiro. Não temos clientes. Estamos falidos". A minha amiga consolou-a e disse-nos que agora tem dois anos de subsidio de desemprego.
E chega o dia em que o chefe de um colega pergunta-lhe se ele pode ir falar com o diretor. Com as pernas a tremer, entra no escritório. O diretor conta-lhe como está contente com o seu trabalho. O tal colega suspira. Como ele cresceu e melhorou neste últimos meses. Ele esboça um quase-sorriso. E então o diretor olha-o nos olhos e diz: "Mas...". O meu colega conta que não ouviu nada a partir dai, mas depois desse dia nunca mais ninguém o viu naquela empresa.
Esta amiga era também, por coincidência, amiga do seu chefe. Ele disse-lhe que, sim, que não ia haver nenhum problema para renovar o seu contrato. Então ela também renovou. Contrato da casa, do telemóvel, da internet e até daquela relação desastrosa que ela insistia em manter.
Um semana antes do dia D: "Então chefe?". Ao que ele responde. "Passa à tarde aqui na minha sala, que temos de falar". Antes da reunião ela mandou-nos uma mensagem que só dizia uma palavra: "Merda". E como tem um contrato precário, nem tem direito a subsidio.
Eso, mis amigos, es España.

Subsídio de Natal

Não posso evitar rir-me quando leio todos os comentários/posts furiosos das pessoas a queixaram-se por causa do "novo imposto extraordinário anunciado pelo novo governo"

Subsidio de Natal? Ah, pois é, eu não tenho disso.

Batalha de argumentos

Acho que, vocês, amigos nerds, vao partilhar o meu xitex pelo Filosofighters

Jogamos?

Eu sou o Platao e as sombras da caverna! E vocês?

Chavez e Fidel

Podemos POR FAVOR comentar o momento fato-de-treino?

Españistán

Para quem quiser entender A CRISE espanhola em 6 minutos:

A geração da crise

Outro dia, pensando sobre o tema, concluí que não tenho memória de viver num país sem crise. Desde que tenho uso da razão (leia-se 18 anos) que ouço dizer que o pais está mal, que a "conjuntura", o "deficit" e a "dívida pública" são parte constante do meu dia-a-dia. Sou da geração da crise. A geração que quando disse aos professores que ia ser jornalista, olharam-nos com cara de "coitadinha". Sou da geração que quando foi praxada na faculdade, diziam-nos que íamos acabar todos como "caixas do Modelo". Sou da geração que não tem medo aos mercados, à bolsa, ao risco da dívida e à estanflação. Convivo com eles em paz, são quase amigos de infância.
E cada vez mais, penso, como jornalista, como seria o mundo sem crise, sem a debilidade do euro, os ajustes fiscais e o buraco negro da saúde pública. Como seria trabalhar sem recortes, sem despedimentos, sem greves e sem instabilidade? Os jornais contariam boas noticias, os discursos presidenciais seriam vitoriosos, quem sabe na rua as pessoas andariam felizes, todos teriam trabalho e não haveria filas intermináveis na segurança social. Que temas abordariam os debates económicos sem aquele famoso gráfico dos 5 milhões de desempregados? Que discutiriam os políticos se não houvesse recessão, subida do IVA e medidas impostas pela troika? Ultimamente tenho pensado que não tenho a mais pequena ideia de como seria a vida sem "a crise".

A natação

Há uns quatro meses atrás, voltei a nadar.
45 minutos todos os dias. Costumava gozar e dizer aos meus amigos que a natação era a minha nova terapia. Discutia com alguém e ia nadar, tinha que tomar uma decisão importante, fato de banho e para a piscina. E assim fui vivendo estes últimos meses. De problema em problema, de noticia em noticia, de piscina em piscina.
Até que as coisas foram ficando mais serias, mais profundas, mais dilemáticas. Desse tipo de dúvidas que o crawl já não resolve. Então senti a falta das palavras.
Vocês já sabem que todas as minhas decisões têm a sua devida margem de erro. Mas, até nova ordem, I'm back.

Blog fechado para obras

Manhãs...

Num dia de preguiça matinal:
Dormi uma hora mais que o habitual e tomei um pequeno-almoço decente, vi vários capítulos atrasados das minhas series preferidas, li com profundidade a imprensa nacional e internacional, tive três ideias para reportagens, adicionei sete novos blogs ao meu reader. Vi o telejornal em espanhol e depois em português. Estiquei o cabelo, pintei as unhas e li um capítulo mais do meu livro de cabeceira. Fiz uma sandes para o lanche do trabalho e tirei a roupa do estendal. Agora vou só ali ao supermercado e já volto!
Preciso de mais manhãs assim e…

Tarta de chocolate con galletas

Eu, que não cozinho há dois anos. Eu, que não gosto de chocolate. Eu, que nem sei separar a gema da clara. Eu este fim de semana pus-me a fazer um bolo. E não um bolo qualquer. Uma “tarta de chocolate con galletas de toda la vida”. Era o aniversário de um amigo e ele pediu-me isso de presente. Sim, a mim.
E assim começou a saga-da-tarta-de-galletas. Duas brasileiras a fazer um bolo tradicional espanhol. Primeiro derreti mal o chocolate (sim, eu também achava que isso era impossível), depois derreti demais a manteiga, depois achámos que podíamos fazer clara em neve no liquidificador (“afinal é só bater”), depois eu não sabia calcular 300g de açúcar. E então a minha amiga afastou-me dos fogões e disse: “tu te encarregas de ler a receita e eu faço o resto, ok?”. Eu e o meu orgulho ficamos ali quietinhos num canto da cozinha, até que: “Marina!!! Mas nem ler a receita sabes?”. Pois. Eu sabia lá que era preciso ler sempre o próximo passo, antes de fazer o anterior. O resultado foram três horas na cozinha, uma ligação para o Brasil (para tirar dúvidas de culinária), muitos gritos e gargalhadas. A minha amiga prometeu nunca mais cozinhar comigo (check), nem me deixar fazer nenhum tipo de tarefa na cozinha (check). A casa ficou toda suja de chocolate e… a tarta de chocolate con galletas … bem, que foi feita com muito amor e carinho.

Apelar ao sentimento.

Tinha um almoço marcado, uma tosse insuportável, uma dor de cabeça que não me deixava pensar direito. Tinha uma transferência bancária que fazer, as unhas para pintar e uma dispensa que gritava por supermercado. Já estava atrasada, claro que estava atrasada. Mas ainda tinha que por gasolina.
Paro num posto estratégico: “completo, por favor”. E ponho a mão na bolsa, procuro a carteira. Procuro melhor. Despejo a bolsa e cadê a carteira?
“Senhor, senhor! Pare já tudo! Não trouxe a carteira!”. Passado o momento de stress e parada a operação, o senhor diz: “Você deve 40 euros”.
E então vou falar com a sua superior. Explico-lhe que me esqueci da carteira em casa, que não me apercebi até já ter o tanque quase cheio. Que foi sem querer, “que vergonha”. “Não pode tirar o carro daqui até pagar os 40 euros”. Não, mas tenho de ir a casa buscar o dinheiro. Não me vai fazer apanhar um táxi, pois não? Confie em mim, a serio que eu volto para lhe pagar o que lhe devo. Ela explica-me que se eu não lhe pago, tiram esses 40 euros do salário dela, e eu continuo a garantir-lhe que isso não vai acontecer. E então ela diz. “Mas ligue a alguém para que lhe traga o dinheiro, Você não tem ninguém?”
Autch.
O golpe baixo doeu muito. Mas peguei nele e fiz a jogada inversa. Não, não tenho ninguém, estou sozinha nesta cidade estranha. Não tenho família, as outras pessoas que conheço estão a trabalhar e agora você quer estragar ainda mais a minha vida. Diga-me lá, pareço-lhe uma impostora?
Quando voltei para pagar, disse-lhe: “Desculpe lá a confusão” e ela respondeu: “Desculpe se fui demasiado dura consigo”.
Apelar ao sentimento funciona sempre.

Grude

Dizemos que somos miúdos modernos, independentes e autosuficientes. Que o amor é um mito. Dizemos que só queremos diversão, umas quantas risadas e umas cervejas na mesa do bar. Que paixão é coisa de cinema. Gritamos e acreditamos que não há cá mi-mi-mi-mi nem mu-mu-um. Gosto de ti, pah!. Proclamamos que não há paciência para namoros grude. Relações de sexta-sabado-e-domingo. Não há cá trelas nem ataturas. Fora os telefonemas de boa noite e as mensagens de todos os dias. Somos modernos. Primeiro eu e depois tu. Primeiro eu e, se não chateares muito, quem sabe, depois tu. Mas há um dia em que há um corte mais brusco, uma resposta atravessada ou um egoísmo que, simplesmente, chama a atenção. E então pensamos: para quê tanto modernismo se, no fundo, somos todos uns românticos reprimidos. Blergh.

O teste dos periódicos

É inconsciente. Mas uma das primeiras coisas que faço quando conheço alguém potencialmente interessante é aplicar-lhe o teste dos “periódicos”.
A premissa é fácil e quase irresistível: um café numa manhã/tarde de domingo. Então lá vamos nós. Café com leite, chazinho ou chocolates com churros. “Ah, vou só buscar o jornal”. O esperado jornal de domingo. E de repente somos 3 à mesa. O dito periódico ganha protagonismo e começa o teste. Quero ver o à vontade que tem com aquelas folhas que sujam os dedos, quero saber o que opina ou porque não opina, quero ouvir os seus comentários, conhecer a profundidade das suas ideias, entender os seus interesses. Então leio em voz alta, cito, discuto. São incontáveis as vezes que fechei o jornal na pagina três e voltei aos nossos temas de conversa quotidianos, são incontáveis as vezes que recebi aquela olhar de estamos-aqui-os-dois-e-vais-ler-o-jornal?. Incontáveis. Mas eu não desisto. Porque de vez em quando lá aparece alguém que nos surpreende. E os domingos passam a ter toda uma nova dimensão.

Alguém

Até que chega um dia que ficas doente. Vomitas no bar, no táxi e na sanita da tua casa de banho. Enjoa-te dormir, levantar, caminhar e descansar. A barriga sai pela boca e o mundo anda às voltas. Até que chega o dia em que, depois de meses de afirmações independentistas e emancipadas, entre um vómito e outro pensas: como queria ter alguém. Alguém que te segurasse o cabelo, que te limpasse a boca e te pusesse toalhinhas na testa. Alguém que te desse um remédio, te fizesse a comida e te dissesse que tudo ia acabar bem.
Mas não. Então no dia seguinte te levantas e tentas limpar a casa de banho, mas vendo que não tens forças, pensas: “preciso melhorar”. Na falta de uma mãe perto, visitas o Google que te diz o que podes comer nesse estado. Tapas o pijama com um casaco até aos pés e directamente para o supermercado. Então comes meia maçã e juntas energia para rectificar o desastre da noite anterior. Depois, um frango com arroz e cama. Rebolar na cama de mão na barriga e Google outra vez. Agora para procurar onde fica o hospital mais próximo e, just in case, deixas anotada a morada ao lado da cama. No dia seguinte acordas com vontade de ler o jornal e isso é sintoma de que o mundo voltou à normalidade. Quer dizer, quase tudo voltou ao normal, porque houve uma ideia que continuou a andar às voltas na tua cabeça: se calhar já é altura de ter alguém.

O trauma dos nomes

Desde que vivo na Galiza há um tema que me incomoda especialmente: os nomes. Aqui há aquele sentimento de “manter viva a tradição” e é cool, moderno, super in, pôr nas crianças nomes, hmmm, tradicionais. E não necessariamente galegos.

Então andamos pela rua e escutamos, “Gadea, vem aqui”. Claro que nesse momento pensamos em gado, mas não dizemos nada. Depois há a Águeda (que parece que é um rio português) e o Bieito (que para mim é nome de padre). E, claro, é impossível evitar a situação do “Como se vai chamar a tua filha?” E respondem-te “Mencia” e tu só pensas em melancia, mas dizes “Ah, que bonito”. Nos rapazes o mais comum é o Brais, que tem nome de bacalhau, mas outro dia conheci um Uxio, e parece que tamos sempre a mandá-lo calar (shhiiuuuu). Conheço também um Senén e un Efrén e eu, obviamente, confundo-os. Iria para mim parece nome de remédio e Icíar não vale porque é difícil de pronunciar. Depois há um que eu tenho uma implicância especial e a primeira vez que ouvi fiz a rapariga repetir o seu nome umas 100 vezes. Agora imaginem a situação: estão grávidos, o bebá nasce, vocês olham para ele e dizem, “que linda menina, tem mesmo cara de Covadonga”. Sim, meus amigos, garanto-vos que é um nome muito comum por estas bandas. Cova-Donga. Chamem-me tradicional, mente fechada, conservadora, o que quiserem. Mas acho que nunca vou ser capaz de superar o trauma dos nomes.

Uma profissão

Um dia chego ao trabalho, sento-me em frente ao computador e dizem-me: hoje a tua notícia é sobre a crise da esquerda, o conflito de Tunes, a bancarizaçao das caixas ou a subida da luz. Então paro, respiro fundo, e começo a pesquisar. Um pormenor aqui, uma última hora ali, um contexto e até uma opinião. De repente, já sou dona daquela notícia. Já domino o tema, já sei tudo de trás para a frente e agora falta contar. Então escrevo, apago e volto a escrever. Penso na minha avó, naquela rapariga que conheci no supermercado, na senhora do banco e no opinólogo que amanhã vai querer tirar satisfações. Penso que todos têm de entender, que dependem de mim para estar informados. Que eu, esta pessoazinha insignificante que vai sair daqui e ir beber um cerveja com uns amigos, esse ser fútil e supérfluo; eu, euzinha, que há três anos estava na universidade; eu sou a dona daquela informação e eles dependem de mim para entende-la, para analisa-la e para aprofundar o que já sabem. E nesses momentos pergunto-me: há alguma profissão melhor que esta?

O mito das meninas princesa

Quando fiz dez anos pedi de presente de aniversário à minha mãe que ela “nunca mais me comprasse nada cor-de-rosa para o resto da minha vida”. Diz a lenda que ela chorou três dias seguidos, mas a verdade é que agora, olhando para trás, acho que essa foi a minha carta de alforria ao que eu chamo de mito das meninas princesa.
Eu nunca fui uma menina princesa. Sempre fui alta demais e desengonçada demais. Sempre cuspi demais (dez anos de aparelho, meus caros) e bati demais (sim, eu era daquelas miúdas que batia nos rapazes na escola). Sempre fui reivindicativa demais, sempre li demais e pensei demais. Mas durante anos sentir essa pressão sobre mim. A pressão de ser uma menina princesa. Então punha vestidos com laçarotes nas ocasiões especiais, tentava falar baixo e conter os gestos extravagantes. Nunca funcionava. Acabava sempre com as cuecas à mostra, com a bandelete no sítio errado, o cabelo despenteado e afónica de tanto gritar. Voltava para casa feliz, mas triste. Porque sempre falhava esse meu grande objectivo. O tempo foi passando e fui conhecendo grandes exemplares dessa espécie de garotinhas. Olhava-as com admiração e suspirava. Eram meiguinhas, tímidas, delicadas e femininas. “Filha, tens de aprender a ser mais feminina”, diziam-me em casa. E eu voltava a suspirar. Demorei muitos anos e muitos suspiros para assumir que eu não gosto de lacinhos, florinhas, desenhinhos ou tons pastel. Não suporto rendinha, saiinha e sapatinhos de boneca. Não há cá ganchinhos para o cabelo, nem pulseirinhas com penduricalhos, nem bandeletes com florzinha. Adoro ténis, tecidos lisos, calças de gangas e roupa larga. Sim, sou chegada numa roupa larga. Adoro mochilas, bolsas grandes, casacos compridos. Não uso maquilhagem para sair à noite. (Quase) não uso brincos, colares, anéis. Demorei muitos anos para chegar até aqui, mas agora, finalmente, posso dizer: Eu não sou uma menina princesa. Porque (espanto dos espantos!) nem todas as meninas têm de ser princesas.

Desfazer mitos

Desde que já não vivo com os meus pais parei de beber sumo de laranja e passei a comer a fruta directamente. Já não lavo o arroz nem a alface de pacote. Bebo água da torneira e ainda não tive pedras nos rins. Aprendi que passar a roupa a ferro é uma das invenções mais inúteis da sociedade moderna e deixei de me queixar da comida que servem no trabalho: alimenta e não é preciso lavar a louça. Só isso já me faz feliz.
Desde que sai de casa de papá e mamã descobri o meu não-gosto por cozinhar e, consequentemente, identifiquei-me com as lojas de comida pronta, as tostas, as saladas e os restaurantes. Passei a discutir a subida do preço da luz e os descontos dos supermercados. Comecei a sujar menos, para limpar menos. Parei de usar lençóis (outra invenção para fadas do lar) e eduquei-me no desapego material.
Para mim viver sozinha significa desfazer mitos.

Férias

Passamos o dia a pensar “isto dava um bom post”, a anotar frases soltas em caderdinhos improvisados, a pedir canetas ou a frustrar-se por ter deixado escapar aquela história não registada. O problema dos blogs é que pensamos neles o dia todo. Chegamos a casa cansados, “só quero tomar um banho e dormir” e entra aquela culpa, aquele tremelique dos viciados compulsivos, “se eu só ligasse o computador um minutinho, se escrevesse um post muito rapidinho”. E assim vamos de “rapidinho” em “rapidinho” escrevendo posts cada vez mais “demoradinhos”. Depois vem o abrir e o fechar dos mails, os comentários e os contra-comentários. E então novo post. E assim por diante. Até que um dia reúnes-te com uns amigos, desses de código postal internacional: “Quanto tempo”, dizem, “Conta coisas!, Já sei que tas boa, que tenho lido o teu blog”. Eles, como bons leitores, sentem-se parte activa da tua vida e então começa o opinatório. Chamam-te encalhada, mal humorada e cómica. Falam das tuas viagens, das tuas festas e do teu trabalho. Perguntam sobre aquilo que escreveste em enigma. Querem saber quem é aquele que sempre comenta, o que sempre sai e o que sempre lê. Então tu chegas a casa e escreves sobre tudo isso. E vais contando, contando, contando e eles vão lendo, lendo, lendo. Um sistema absorvente e injusto que não tem botão para virar do avesso. O problema dos blogs é que às vezes é preciso tirar ferias deles.

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