Uma vez quis apagá-lo, mas um amigo disse-me que um dia as coisas iriam mudar e eu poderia arrepender-me. Ainda há pouco, sem querer, vi-o. Lembrei-me da pessoa, da falta que faz, da vontade de conversar com ela, de ouvir os seus conselhos e histórias de mãos pequeninas. Voltei a pensar se faz sentido mantê-lo. Por enquanto, está ali, intacto e resistente, como um amigo que não se quer expulsar de casa, por mais que a sua presença tenha deixado de fazer sentido. Um dia, sei disso, terá de se ir embora. Não sei quando, nem em que circunstância, muito menos que sentimento acompanhará o momento. Até porque a pergunta mantém-se na minha cabeça: Quanto tempo se espera para apagar o número de um amigo que desapareceu?

Menina Tangerina

Desde pequenina gostei de tangerinas.
Eram fáceis de descascar, dava para engolir o caroço e na minha escola corria o boato de que «comer tangerinas deixava-te rouca». Valia a pena tentar.
Um dia, a minha mãe, ao ver-me engolir uma mão cheia de tangerinas, disse-me que me iria crescer um pé de tangerinas na minha na barriga, se não parasse de comer. Insisti.
Nesse dia, à noite, deitada na cama, imaginei uma tangerineira a crescer dentro da minha barriga. Vi os frutos perfeitos, suculentos e laranja, o movimento das folhas ao esticar dos ramos, o tronco firme, que era tão alto que me saía pela boca. Depois desse dia, a cada vez que passava em frente a um espelho, abria muito a boca à procura do primeiro ramo da minha tangerineira.
Estou à espera até hoje, mãe. E já não tenho medo que os meninos da escola gozem comigo.

Numa conversa na segurança da DGES...

- Agora com o euro gastamos mil escudos, como se não fosse nada.
- É como eu sempre disse! Com a chegada do euro as pessoas deixaram de dar valor ao dinheiro.
- E pior... as pessoas já não ligam nenhuma à tradição. Já nem falar em contos sabem! Sabem lá os jovens agora quanto valia um escudo antigamente!

Como eu gosto de pessoas entendidas a dissertar sobre a economia do país! Esses miminhos não se apanham todos os dias.

«Não podendo falar para o mundo inteiro
direi um só segredo a um só ouvido»

Luiza Neto Jorge

O meu querido lonely planet...

Quem já viajou (ou pensa viajar) comigo sabe que devoro guias. Adoro! Sou sempre a pessoa com a máquina fotográfica ao pescoço e o mapa aberto no meio da rua. E, de há alguns anos para cá, desde que as viagens às custas dos pais saíram dos planos orçamentais, tornei-me seguidora fiel do lonely planet.
Foi com grande desapontamento que li, no blog do Gulliver da economist, que um dos autores de guias da colecção Lonely Planet confessou que, por razões orçamentais escreveu sobre destinos que não visitou. E pior, os seus editores desvalorizam totalmente o caso.
Se já nem no lonely podemos confiar....

tecnologias

Tudo começou quando soube que a Igreja Renascer agora tinha máquinas de multibanco para que os crentes, quando não tivessem dinheiro, pudessem fazer contribuições pelo cartão de crédito aos domingos na missa. É claro que isso vindo da Igreja Renascer não chocou assim muito. É uma igreja fundada no Brasil pelos bispos Sonia e Estevam Hernandes, que actualmente se encontram presos em Miami e cujos bens estão avaliados em 7 milhões de euros.

Passando à frente.

Voltei a fazer uma anotação mental quando li que a arquidiocese do Rio de Janeiro lançou uma campanha publicitária (feita pela DPZ!) para divulgar o ‘cartão de crédito solidariedade católica’ em que 30% da anuidade do cartão reverte para instituições de caridade indicadas pela arquidiocese.

Cereja por cima do bolo

E agora acabei de me deparar com a seguinte informação: a Igreja Universal do Reino de Deus é o 28 maior anunciante da televisão por cabo portuguesa.

E por aqui me fico. Recusando-me a fazer qualquer conclusão.
Bem, com a devida margem de erro.

Intoxicaçao bloguista?

Todos lá no fundo já pensámos que isto não nos poderia fazer muito bem. Passamos horas a ler os jornais e vasculhar outros blogs em busca de inspiração. E isto somos nós, os amadores. Agora imaginem os bloguistas profissionais. É claro que em Portugal, este centro do desenvolvimento urbano, não há muito disso, já que são poucas as empresas a apostar no formato, mas pensemos numa escala global. Obesidade, problemas nas costas, falhas na visão, tudo isso já me tinha passado pela cabeça. Mas morte?

O New York Times publicou, recentemente, um artigo sobre mortes por “intoxicação bloguista”. Os meios de comunicação americanos classificam a notícia como “mais ou menos falsa” já que faltam dados e informação de base para sustentar a teoria. Mas não deixa de ser um artigo “interessante”. A profissão de bloguista obriga a uma ansiedade constante de ler e ser lido, comentar e ser comentado, e isso não pode fazer bem à saúde.

O artigo conta, entre outras, a história de Matt Buchanan. O rapaz de 22 (!!) anos trabalha online para o conhecido site americano Gizmodo e vive num pequeno apartamento em que o seu quarto faz também de escritório.
Matt admite dormir apenas cinco horas por noite e, normalmente, não ter muito tempo para comer recorrendo, portanto, a vitaminas de proteínas.
O seu editor Brian Lam confessor ao NYTimes que quando passa muito tempo sem ver um post de Matt pensa logo: “voltou a desmaiar”. E se isso nos pode fazer arregalar os olhos, para Brian Lam não é nada de muito exótico já que encontrar o seu jornalista desmaiado em cima do computador “já aconteceu quatro ou cinco vezes”, conta o editor.

Isso é que é civilização!

Quando a minha mãe foi à Austrália visitar a minha tia voltou cheia de novidades. Entre as várias histórias houve uma que me chamou, particularmente, a atenção. Ela contava que a minha tia não comprava o jornal e ela, desde o início, achou isso um pouquinho estranho. Mas uma dia apanharam o mesmo metro, a minha tia foi para o trabalho e a minha mãe para os seus passeios turísticos. E não é que a minha tia senta-se e tira um jornal, que estava colocado numa prateleirazinha ao lado do banco, e começa a lê-lo? A minha mãe pergunta:
- Mas aqui os jornais são de graça?
(esta história passou-se há cerca de seis ou sete anos. Ainda não havia gratuitos por cá)
- Também há os gratuitos, mas o que as pessoas fazem é: compram o jornal e lêem enquanto estão no comboio. Quando saem deixam o jornal na prateleira para que outra pessoa possa ler. Foi uma campanha ambiental que fizeram nos transportes públicos que resultou muito bem. É por isso que eu não compro nunca o jornal. Há sempre um no comboio.
Ao que a minha mãe respondeu:
- Isso é que é civilização!



Lembrei-me desta história quando me deparei com a nova campanha da Carris. Tem o intuito de acabar com os jornais espalhados no autocarro porque isso, pelos vistos, torna as viagens mais desagradáveis.
- Isso é que é civilização!

marketismos

«O New York Times reescreve os títulos para que sejam encontrados pelo motores de busca. Isso não é necessariamente mau, mas é uma forma de marketing» Jeff Jarvis, Público.

P.S.

Não percebo porque se deseja boa sorte aos adeptos de futebol antes do jogo começar. Ah, desculpa, esqueci-me que o teu clube é parte integrante da tua pessoa. Se ele perder, perdes com ele.
Peço perdão pelo comentário. Para a próxima tenho de pensar duas vezes antes de dizer estas barbaridades.

O upgrade do tempo

Não tinham falado o dia todo. Infelizmente sentam-se agora muito longe um do outro. E depois de um dia de silêncio absoluto:
- Olha, boa sorte!
Ele levantou-se num ápice de alegria e pela primeira vez disse algo que não se assemelhava a um gronhido vomitado.
- Ya, obrigado!
- A que horas é?
- Às oito e meia, já até comprei as cervejas!
- Se não apareceres na segunda, já sabemos porquê.
E ela foi-se embora. Foi a sua maneira de se despedir. Ele gostou. Até sorrio.
Uns chamam-le empatia, outros discurso universal. Eu digo que é o upgrade do tempo. Mas uma coisa eu sei. Não me quero ter de vender às conversas do futebol para fazer amigos no trabalho.

Porque na segunda-feira ele vai chegar e dizer
- Então?
Eu respondo: "Bem, foi cá uma chuvada este fim de semana!"
E ela:
- Grande jogo! Viste aquele lance?

Para qual será que ele vai sorrir?

O Geogay (e a Vesga)

O meu primo tem um professor de português que "é gay”.
- Mas porque é que dizes isso?
- Porque ele veste camisas cor-de-rosa.
- É só por isso que dizes que ele é gay?
- Claro que não! Ele também tem um jeito gay
- E como é isso?
- Sei lá.
- Acho que não devias andar prai a dizer que o teu professor é gay só porque usa camisas cor-de-rosa.
- Mas ele é! Tu é que nunca o viste.
- Mas espera aí, e se ele for gay, qual é o mal?
- Nenhum! Hihihihihi

O meu primo tem 12 anos e ouve todos os dias sermões da prima sobre a (in)tolerância. Mal imagina ele a história que estou prestes a contar.
Estávamos no nono ano e tínhamos um professor de geografia que usava camisas cor-de-rosa. Alem disso, quando ele falava fazia um biquinho e tinha um discurso um tanto sibilado. Surgiu, então, a alcunha – Geogay – que tinha um tremendo sucesso nos corredores e intervalos e fazia-nos sentir “os reis da piada”.
- Mas ele tem aliança!, diziam.
- Não vês que é só para disfarçar?
E as pessoas riam-se e continuavam a conversa. Até que chegou o dia inspirado. Acho que tínhamos tido um furo (daqueles que já não são permitidos) e fizemos um brainstorm sobre o Geogay. Íamos “ensinar-lhe uma lição”.
Quando ele entrou na sala, já estávamos todos de pé, à sua espera. E começamos, então, a cantar:
“Eu vi um sapo, um feio sapo, metida medo, medo ao susto” e depois de uma careta, o nosso maestro (o terrorista que se sentava na primeira fila) levantou os braços e deu ordem para que gritássemos todos em coro: “Era o geogay!”
Depois do espectáculo, as atenções centraram-se todas no Geogay (que eu infelizmente nunca cheguei a saber o verdadeiro nome e, por isso, continuo a chamar-lhe essa alcunha imperdoável). Mas, para nossa desilusão, ele disse “Sumário” e continuou a aula.
Ficámos embasbacados. Assim não tinha piada nenhuma.
Mas a saga não tinha acabado.
Depois de geografia tínhamos EVT. Estávamos nós a sujar as mãos com lápis de cera, quando entra pela sala adentro a directora de turma, visivelmente perturbada, a gritar:
- Vão chamar geogays aos vossos pais!
O que ela não sabia é que também ela tinha uma alcunha. Tem um grave problema de visão e tudo indica que irá cegar daqui a uns anos.
A sua alcunha era (e acredito que ainda seja), A Vesga.

Há sempre

aqueles cansaços que pioram com o descanço

"La clave no es trasladar libros a pantallas electrónicas. No es eso. No. El problema es que el hábito de la lectura se ha esfumado.Como si para leer necesitáramos una antena y la hubieran cortado. No llega la señal. La concentración, la soledad, la imaginación que requiere el hábito de la lectura. Hemos perdido la guerra. En veinte años, la lectura será un culto."

Philip Roth, El Pais

Bem a propósito

A Margarida pergunta se nós jovens podemos dizer “ora essa”. Não! Tal como também não podemos dizer “Caiu o Carmo e a Trindade” (ou lá como é...). Acho que não me expliquei bem. Cada um deve ter um vocabulário adaptado ao seu tempo. Não tenho nada contra revivalismos. Nós, por exemplo, daqui a “28 anos” ainda vamos poder dizer “ya” e “fixe”, porque remonta à nossa época. Mas não me venham dizer que “bué da fixe” é da época dos nossos avós. Nem da minha é, quanto mais.
A questão é. As pessoas têm de adaptar o seu vocabulário. Se querem parece mais jovem façam um lifting, mas não me venham com “expressões jovais” que isso dá-me voltas ao estômago. Quer dizer, com a devida margem de erro.

Bue da Fixe!

Isto já começa a parecer um blog de resmunguices mas aqui vai:
Não percebo porque é que as pessoas “velhas” (ou deveria dizer cotas?) têm necessidade de dizer expressões usadas pela “malta jovem”. No topo da lista das que mais me irritam está “bué da fixe”, que até faz o meu ouvido dilatar. “Então como foi ontem o concerto da orquestra sinfónica de Lisboa?”, “Foi bué da fixe, mesmo porreiro”. Não, a sério.
Em primeiro lugar, há que dar uma explicação. Gramaticalmente, depois de “bué” não pode vir a palavra da ou de. Seria como dizer “muito da fixe”. Não. E, portanto, se é para dizer “bué”, porque isso faz as pessoas sentirem-se mais “fixes” (ou deveria dizer cool?), pelo menos usem bem a expressão.
Em segundo lugar, e vamos lá explicar isto com calma, as pessoas ao dizerem expressões “joviais” ( com as devidas aspas já que, na verdade, não são os jovens que dizem “bué da fixe”, mas sim as crianças) não se tornam mais novas, nem menos antiquadas. Muito pelo contrário. É o passo antes da compra do carro desportivo. Infelizmente, há muitos que não têm dinheiro para o Ferrari e então reforçam nas expressões “fixes” para compensar.
A propósito da minha googlagem sobre a expressão, encontrei isto. Achei “bué da fixe”.

Nao me digas!

Ontem ficámos em segundo lugar no jogo do quiz. Dois euros de prémio para cada um. Pareceu-me uma má distribuição, já que o Chico não respondeu a nenhuma questão. Ficou ali calado e amorfo o tempo todo a ouvir-nos discutir sobre os deuses do Induismo. Mas passemos à frente. Aquilo a que eu chamo de “o quiz” é um bar que costumamos ir onde, enquanto a empregada nos obriga a consumir bebidas (óptimas) de seis euros, joga-se a um jogo de perguntas e respostas.
É divertido, a sério. Um pouco stressante, talvez. É um fenómeno estranho este. O que leva as pessoas a querem ser testadas na sua cultura geral? É algum movimento de alimentação do ego? É claro que não tenho autoridade nenhuma para dizer isto, já que foi da minha boca que saiu outro dia a frase “Ser posto à prova é sempre divertido”. Faltou a coragem para dizer. “Isto é, se ganharmos”.
Ganhar é, definitivamente, um factor importante para a diversão de uma noite como estas.
E com perguntas como “Qual a característica das abelhas americanas” e “Qual o símbolo do Budismo”, lembramo-nos como o Google se tornou o nosso melhor amigo. Isso e as pessoas com telemóveis e mensagens grátis.
A melhor prova disso é que podemos não "aprender nada na escola", mas ainda conseguimos ficar à frente do grupinho do "esino à antiga".

Toda esta dissertação fez-me querer partilhar um outro episódio.
Nao resisto.
Outro dia no Quem Quer Ser Milionário, havia um concorrente que não sabia quem defendia que “todas as cartas de amor são ridículas”.
Resolveu, então, pedir ajuda ao público, que estava dividido entre Fernando Pessoa e Cesário Verde. O jovem decidiu, por fim, telefonar à professora de português, que não só deu a resposta certa, como ainda acrescentou: “e não seriam cartas de amor se não fossem ridículas”.
O Jorge Gabriel, querendo dar, como sempre, o ar de sua graça, resolveu rematar fazendo mais uma luz sobre a nossa ignorância: “Foi do pseudónimo Álvaro de Campos, este poema”.

Deviamos ligar para lá a avisar que as abelhas americanas não têm ferraõ. E o Jorge Gabriel ainda poderia acrescentar: "E há gente que acha que elas são todas amarelas, veja só".

Odeio

Se há uma coisa que eu odeio, é gente que diz "que maldade" sempre que, na brincadeira, se diz mal de alguém. Sim, o propósito é ser maldoso, não é como se eu não soubesse que eu estou sê-lo - ao contrário, eu estou a esforçar-me para tal, e por diversão. Sim, por diversão. Mas não tem qualquer significado e todas as pessoas que praticam a maldade por desporto sabem disso. Que tipo de relacionamento as pessoas teriam se nunca pudessem dizer mal de ninguém? Chega de assessores de imprensa. Dizer mal faz bem à saúde e nunca é realmente verdadeiro. “Aquela camisola ficava-lhe mal”, “O namorado dela é tão feio”. É só um comentário, com um pouco de humor relacionado. E?
Se eu odeiar mesmo alguém, eu não vou pôr-me a comentar isso assim ao de leve, como se nada fosse. Falar sobre essa pessoa que realmente odeio seria dar atenção ao objecto de ódio e isso faz um mal terrível ao estômago.
As pessoas que não percebem a “maldade por desporto” são desinteressantes e de capacidade intelectual muito reduzida. Bem, com a devida margem de erro.

Jornalismos

Era quase meio dia e as redacções estavam ao rubro. Não é que o Pinto da Costa tinha tido um problema de coração e tinha sido hospitalizado, nada mais nada menos, do que no hospital da LUZ? Os humoristas ja anotavam os punchlines dos seus stand ups, quando, duas horas depois, já jornalistas (rápidos como são) há porta do hospital, com câmaras e microfones atrelados, viram a notícia desmentida. E quem o fez foi o próprio Pinto da Costa. «Disseram que estava a entrar no hospital e, na hora, estava a entrar num restaurante na Mealhada para tratar do estômago e não do coração. Depois, vinha na viagem e choveram telefonemas de pessoas preocupadas. Agora, o contencioso irá agir», adiantou o presidente do FC Porto, em declarações aos jornalistas, antes da meia-final da Taça de Portugal.

Pinto da Costa já anunciou que irá processar o jornal. E chegou a brincar com o semanário Sol, dizendo que «na verdade, estava a caminho das urgências, quando passei pela morgue e vi que lá estava grande parte do Benfica. Aí, melhorei e vim embora».

Discute-se, aqui, a credibilidade das fontes jornalisticas e a «febre» da caixa.

Bem a propósito

Se és daqueles reivindicativos, ou só gostas mesmo de aparecer, deixa a tua opinião sobre o Acordo Ortográfico através do número 21 351 05 90 ou no Jazza-me Muito. Os teus comentários vão para o ar na Rádio Europa à sexta-feira, às 10h45, e ao domingo, às 14h15.

Os sotaques do português

Quem me dera que estivéssemos num país desenvolvido onde cada pequenino espectáculo de televisão é posto de youtube. Acordei e pensei: tem de ter havido uma alma generosa que se lembrou de gravar aquilo. Vá lá. Seria um bonito vídeo para pôr no meu blog novo. Seria uma boa introdução ao tema.
Mas não. Não há vídeo no you tube, nem em mais nenhum lugar da internet. Mas encontrei isto:
«Para abrilhantar a nossa presença esgalhei o Samba do Acordo Ortográfico, feito sexta de manhã, na Corunha enquanto comia uns churros, com café com leite e sumo de laranja... mais urgente que um acordo ortográfico é um acordo peninsular sobre o conteúdo dos pequenos-almoços. Se não gostarem é culpa do óleo que pingava dos churros para a chávena de leite. Se gostarem é da acidez do sumo que espevitou todo o sistema cardio-vascular e concomitantemente o cerebral, além do digestivo, como facilmente perceberão.» Acho que o sumo ajudou. Adorei. Adorei. Espero que tenham visto a participação dos Vozes da Rádio na abertura do Prós de Contras desta semana. Valeu a pena! Porque é que não temos TiVo?
Blog das Vozes da Rádio

Foi um interessante Prós e Contras.
Tenho de estar do lado vermelho da bancada. Desculpem. Eu percebo as posições azuis, a sério. Há o intercâmbio cultural e a garantia de uma divulgação mais ampla do idioma. Há a assinatura em 1990 e o yei das editoras.
Mas em homenagem ao meu querido Eduardo Martins, que com sábia paciência e paixão desmedida nos ensinou, durante horas, as regras das concordâncias e do uso da famosa “crase”, estou pelo não. «E em Portugal? Como dizem “negoiceio”? E acadêmico? E fato?»
Pois é. Os Antónios não precisam ter medo. O nome deles não vai mudar. Tal como uma extensa lista de outras palavras, que devido a uma fonética diferente se manterão iguais. Mas não me deixo ficar por ai. E o contra-regra como fica com o fim do ifen? Faz um lifting e passa a contrarregra. Coitados dos senhores.
Parece-me que entre os 200 milhões de falantes do português, apenas os brasileiros beneficiarão disto tudo. O acordo pode facilitar a abertura do Brasil às exportações africanas e ajuda-los, através da língua, «entrar na Europa». Mas não vou por ai. Sou a favor de uma unificação. Mas não esta.

Sou azul num acordo ortográfico mais bem pensado e feito menos em cima do joelho. Não é Eduardo?

Eduardo Martins (1939-2007)

Um adeus às metaforas

Rodeada de papeis, computadores e citações, o mundo mudou. Já não há histórias e experiências transcendentes. Há o dia-a-dia. Umas vezes mais cinzento, outras mais inspirador. Mas não o suficiente.
Prometo desta vez tentar poupar-vos de metáforas surrealistas.

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