Os sotaques do português

15.4.08

Quem me dera que estivéssemos num país desenvolvido onde cada pequenino espectáculo de televisão é posto de youtube. Acordei e pensei: tem de ter havido uma alma generosa que se lembrou de gravar aquilo. Vá lá. Seria um bonito vídeo para pôr no meu blog novo. Seria uma boa introdução ao tema.
Mas não. Não há vídeo no you tube, nem em mais nenhum lugar da internet. Mas encontrei isto:
«Para abrilhantar a nossa presença esgalhei o Samba do Acordo Ortográfico, feito sexta de manhã, na Corunha enquanto comia uns churros, com café com leite e sumo de laranja... mais urgente que um acordo ortográfico é um acordo peninsular sobre o conteúdo dos pequenos-almoços. Se não gostarem é culpa do óleo que pingava dos churros para a chávena de leite. Se gostarem é da acidez do sumo que espevitou todo o sistema cardio-vascular e concomitantemente o cerebral, além do digestivo, como facilmente perceberão.» Acho que o sumo ajudou. Adorei. Adorei. Espero que tenham visto a participação dos Vozes da Rádio na abertura do Prós de Contras desta semana. Valeu a pena! Porque é que não temos TiVo?
Blog das Vozes da Rádio

Foi um interessante Prós e Contras.
Tenho de estar do lado vermelho da bancada. Desculpem. Eu percebo as posições azuis, a sério. Há o intercâmbio cultural e a garantia de uma divulgação mais ampla do idioma. Há a assinatura em 1990 e o yei das editoras.
Mas em homenagem ao meu querido Eduardo Martins, que com sábia paciência e paixão desmedida nos ensinou, durante horas, as regras das concordâncias e do uso da famosa “crase”, estou pelo não. «E em Portugal? Como dizem “negoiceio”? E acadêmico? E fato?»
Pois é. Os Antónios não precisam ter medo. O nome deles não vai mudar. Tal como uma extensa lista de outras palavras, que devido a uma fonética diferente se manterão iguais. Mas não me deixo ficar por ai. E o contra-regra como fica com o fim do ifen? Faz um lifting e passa a contrarregra. Coitados dos senhores.
Parece-me que entre os 200 milhões de falantes do português, apenas os brasileiros beneficiarão disto tudo. O acordo pode facilitar a abertura do Brasil às exportações africanas e ajuda-los, através da língua, «entrar na Europa». Mas não vou por ai. Sou a favor de uma unificação. Mas não esta.

Sou azul num acordo ortográfico mais bem pensado e feito menos em cima do joelho. Não é Eduardo?

Eduardo Martins (1939-2007)

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