Férias

9.1.11

Passamos o dia a pensar “isto dava um bom post”, a anotar frases soltas em caderdinhos improvisados, a pedir canetas ou a frustrar-se por ter deixado escapar aquela história não registada. O problema dos blogs é que pensamos neles o dia todo. Chegamos a casa cansados, “só quero tomar um banho e dormir” e entra aquela culpa, aquele tremelique dos viciados compulsivos, “se eu só ligasse o computador um minutinho, se escrevesse um post muito rapidinho”. E assim vamos de “rapidinho” em “rapidinho” escrevendo posts cada vez mais “demoradinhos”. Depois vem o abrir e o fechar dos mails, os comentários e os contra-comentários. E então novo post. E assim por diante. Até que um dia reúnes-te com uns amigos, desses de código postal internacional: “Quanto tempo”, dizem, “Conta coisas!, Já sei que tas boa, que tenho lido o teu blog”. Eles, como bons leitores, sentem-se parte activa da tua vida e então começa o opinatório. Chamam-te encalhada, mal humorada e cómica. Falam das tuas viagens, das tuas festas e do teu trabalho. Perguntam sobre aquilo que escreveste em enigma. Querem saber quem é aquele que sempre comenta, o que sempre sai e o que sempre lê. Então tu chegas a casa e escreves sobre tudo isso. E vais contando, contando, contando e eles vão lendo, lendo, lendo. Um sistema absorvente e injusto que não tem botão para virar do avesso. O problema dos blogs é que às vezes é preciso tirar ferias deles.

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