Uma profissão

17.1.11

Um dia chego ao trabalho, sento-me em frente ao computador e dizem-me: hoje a tua notícia é sobre a crise da esquerda, o conflito de Tunes, a bancarizaçao das caixas ou a subida da luz. Então paro, respiro fundo, e começo a pesquisar. Um pormenor aqui, uma última hora ali, um contexto e até uma opinião. De repente, já sou dona daquela notícia. Já domino o tema, já sei tudo de trás para a frente e agora falta contar. Então escrevo, apago e volto a escrever. Penso na minha avó, naquela rapariga que conheci no supermercado, na senhora do banco e no opinólogo que amanhã vai querer tirar satisfações. Penso que todos têm de entender, que dependem de mim para estar informados. Que eu, esta pessoazinha insignificante que vai sair daqui e ir beber um cerveja com uns amigos, esse ser fútil e supérfluo; eu, euzinha, que há três anos estava na universidade; eu sou a dona daquela informação e eles dependem de mim para entende-la, para analisa-la e para aprofundar o que já sabem. E nesses momentos pergunto-me: há alguma profissão melhor que esta?

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