Três países, muito stress

11.4.10

Agora por causa da polémica das bandeiras de España em Valença a imprensa galega achou que era o momento ideal para comparar a economia portuguesa/galega/espanhola e concluir, como não poderia deixar de ser, que Portugal é horrivel enquanto que a Espanha (ah, a Espanha e o seu 20% de desemprego) é um grande país.
Como já devem ter percebido este é um tema que me é muito caro e para o qual tenho especial sensibilidade. Irrita-me, enerva-me profundamente, quando os espanhóis começam com aquele discurso de "coitadinhos dos portugueses, são tão pobrezinhos". É nesse momento que lanço as minhas garras e salto em protecção do meu país. Mas depois, claro, lá vêm os portugueses com o típico "estás a viver em Espanha? Odeio espanhóis". E então eu volto a irritar-me com este complexo de inferioridade do filho mais novo. "Pois fica sabendo que é um povo muito mais alegre, optimista, trabalhador e empreendedor que os portugueses e a sua ridícula mente fechada". E, pronto, lá estou eu irritada outra vez.
Mas depois dizem-me: "Ah, nasceste no Brasil? Uhhhh, carnaval, caipirinha e mulheres nuas". Dentes a ranger e vasta dissertação sobre como "o Brasil será a próxima potencia mundial e devias estar mais atento ao que se passa à tua volta ao invés de ficar ai fechado nesse teu complexo de superioridade do velho continente". E assim vou ganhando inimigos.
Até que chegam os brasileiros (ai, os brasileiros) que me dizem que os portugueses são burros: "Burro é quem acha que generalizando será alguém na vida". E depois começam a queixar-se dos espanhóis. Que são muito formais, muito presos, muito parados, muito não sei quê: "E já pensaste que se calhar o problema está em vocês, que se calhar vocês é que são demasiado liberais, conheci-te-hoje-já-somos-melhores-amigos e não-há-mal-nenhum-em-ir-para-a-cama-com-cinco-na-mesma-noite?"
Basicamente, este é o problema de "ter" três países: passas a vida stressada a tentar defende-los a todos.
Até que um dia dizem-te:
- Que lata, ficas furiosa quando alguém diz mal dos teus países, mas tu passas a vida a critica-los.
- É simples, caro amigo. É que eu tenho autoridade para fazê-lo, tu não.

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