Tic-tac, esse malandro

15.2.10

O tempo está a pregar-me partidas.
Uma vai casar e a outra viver junto. Aquela até está a montar o enxoval. A próxima gastou todas as suas poupanças num sofá e a seguinte diz que sim, que é uma questão de tempo.
Tic-tac, esse malandro. Mas se mudarmos o género a paranóia segue.
Há o menino que já planeia sair da terra do bacalhau com broa para mudar-se e engordar-se nas macarronadas preparadas com tarantela. Foi fisgado, é oficial. Depois há o que decidiu embarcar numa união de facto amoroso-profissional e pôr-se à mercê do mundo. A ver o que acontece. Mas, claro, não lhes fica atrás o terceiro, que estabeleceu residência, comprou cortinados e optou pelas toalhas roxas e o ginásio na varanda. Decisão difícil.
Então olho para mim, tão eu. Tão casa compartida e vida alugada, tão calças de ganga e cabelo novo. Tão gomas do supermercado. Tão “não tenho dinheiro para isso”. Tão noites adolescentes e series piratas. Tão vida numa mochila.
Olho para “eu” e penso em mim. Demasiado longe de tudo aquilo, daquele frenesim que é crescer. Mas então paro, respiro fundo, e pergunto-me: “A qual de nós o tempo está a fazer das suas?”.
Talvez a todos.
À sua maneira.

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