O dia em que o telefone tocou

18.2.10

Passamos a vida à espera que o telefone toque. Há aquela paixão furtiva que secretamente desejamos que saiba interpretar os nossos olhares silenciosos. O menino que conhecemos ontem à noite no bar. O amigo saudoso e aquele que traz uma voz de conforto que nos aconchega nas noites friorentas. Há o trabalho que sempre sonhámos e o que nos dará uma viagem ao Japão. Não podemos esquecer do “triiiim” que vem com um convite para sexta à noite e o que chega com gritos histéricos de felicidade.
Passamos os dias a olhar para o maldito aparelho e a suplicar: “Toca, toca, toca”. Fazemos chantagem, aprendemos magia, mudamos de música, pomo-lo a vibrar, criamos tiques nervosos… Levamo-lo para a mesa de jantar e recebemos raspanetes dos país, dormimos com ele debaixo da almofada e voltam a ralhar-nos, guardamo-lo no bolso e dizem que no futuro seremos inférteis. Mas nós não nos importamos e continuamos à espera.
Ate que um dia o telefone toca.
E a nossa vida muda.

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