Falsos Amigos II

3.10.08

Estávamos em ritmos “de copas”, de bar em bar, quais saltimbancos femininos. A história surge num entrelaçar de vozes roucas. Era um amigo que tinha sobrevivido heroicamente a uma doença fatal.
- Uau, que historia espantosa - comento
Silencio. Olhos pensativos.
Marina acha por bem reforçar a afirmação para quebrar o repentino sossego:
- Realmente espantoso…
Poderia ter sido admirável, extraordinário, maravilhoso, incrível, mas não, entre copos de licor de café, a história parecia-me verdadeiramente espantosa.
Até que há alguém que se adianta.
- Pois eu não acho espantoso. Parece-me um rapaz muito forte e até heróico.
Todas soltam gritos de concordância e a conversa segue para se evitar o assunto.
Horas mais tarde, muitos licores de café depois e sem mais nenhum silencio registado, resolvo perguntar, já temendo a resposta.
- O que significa “espantoso”?
- Horrível – disse.
Gargalhei sozinha alguns minutos. Gargalhei acompanhada outros tantos. E o falso amigo valeu-me mais um licor de café.
“Ás histórias espantosas e exquisitas” foi o brinde proposto. Pareceu-me bem.

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