Rendida ao "jo"

9.10.08

Na minha última aula de espanhol em Portugal o professor saiu-se com esta:
- Ah, quase me esquecia do essencial. se queres falar bem espanhol tens de aprender a palavra mais utilizada por lá: joder. O resto vem-te com a prática.
Eu ri-me. E ri-me ainda mais quando percebi que “roder” se escrevia com “j” e não com “r” como sempre o imaginara.
Claro que esqueci esta última lição no sótão do meu subconsciente. Afinal eu iria fazer um mestrado e não aprender a falar “calão”. Não estava a pensar pôr-me a dizer asneiras à frente do professor.
Ai não?
Nós temos o “bolas”, o “chiça”, o “raios”, o “caramba”. Todos substitutos bem educados de um completo e muito bem dito “merda”. Mas os espanhóis, como já se tem vindo a comprovar, são uns linguistas muito simples. Ao invés de recorrerem a mil e uma formas de dizerem “merda bem educada” transformaram o “joder” em algo que podemos caracterizar como uma “asneira socialmente aceite”.
Surgem assim o “Joder” e os seus amigos “Jo”, “Jolin”, “Jodar”, “Jodi” no discurso dos grandes executivos e no mais formal ambiente de trabalho.
E eu, que nunca fui dada a asneiras, acabei por aceitar esta nova forma de estar.
Hoje disse pela primeira vez: “!Joder, que fuerte!”, claro que soou muito estranho, mas senti que foi, sem dúvida, um grande passo para este novo estatuto que apelidei de: “o estado de rendição ao jo”.

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