As "línguas latinas"

10.10.08

Outro dia falava com um espanhol. O rapaz estava muito entusiasmado com o meu apelido internacional e comentou:
- Ah, entonces “parlas” itialiano
Respondo-lhe que sim, numa risadinha forçada de quem já ouviu a boca centenas de vezes.
Diz-me então: “Nós aqui em Espanha também falamos todos mais ou menos italiano, é que sabes, para nós as línguas latinas são bastantes intuitivas e nem precisamos estuda-las”.
Sortudo, o rapaz. Sortudo por me ter apanhado apenas com dois dias de Espanha e na altura ainda não ser muito capaz de me expressar. Mas os meus três anos de aulas de italiano não lhe iriam sair baratos.
Propus-lhe então:
- Mas então se o italiano é intuitivo, porque não conversamos em italiano? (asseguro que a frase não foi assim tão bem construída, mas ele lá me compreendeu. Intuição, diria.)
Rio-se um pouco e começou:
- Bem a gramática é igual à espanhola (erro). E o vocabulário bastante parecido, por exemplo, imagino que “mantequilla” em italiano seja igual, não?
- Não, é “burro”.
- Ah, mas por exemplo, “pallitos”, deve ser “paliti” ou algo similar.
- Na verdade é “stuzzicadenti”.
- Ai, que engraçado. Mas nos verbos, por exemplo, o único que muda é o querer que em italiano é “io vó-gli-u”
- Na verdade pronuncia-se “vôlhô”.
- Parece que eu hoje não estou com muita sorte, mas é o que te digo, nós os espanhóis temos naturalmente jeito para línguas.

Claro que sim. Agora imaginem nas línguas “não latinas”. Muito promissor.

Nota: Às vezes ponho-me a pensar. Porque raio será que o tipo se lembrou de dizer as palavras "manteiga" e "palito"?

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