Espanha não, Galiza

14.10.08

Tenho ouvido, ultimamente, vezes sem conta, a mesma incorrecção. Prende-se com a seguinte pergunta: “Como está a vida em Espanha?”
Pois vou, de uma vez por todas, corrigir o erro crasso:
Eu não vivo em Espanha.
Vivo na Galiza.
A Galiza tem uma bandeira, um presidente e um jeito de ser. Tem uma língua só sua (que, prometo, estou a tentar afeiçoar-me, apesar de ainda me parecer um português cerrado tipo gente rude do campo) e os seus próprios erros gramaticais.
Os galegos só lêem os jornais da região onde se encontram manchetes como: “O desemprego em Espanha ronda nos 14%, na Galiza está perto dos 8”. Na Galiza há movimentos migratórios, terras marginalizadas, palavras próprias de cada região. Há indústria galega, comida galega e banco galego. Consta que a Caixa Galicia, o banco-monopólio da cidade, é o que tem mais depósitos de Espanha, mas isso é um aparte.
Por terras galegas vê-se a TV Galicia, ouve-se rádio regional e fala-se castelhano com vocabulário próprio.
Neste país onde vivo agora há um sentimento nacionalista muito grande.
Por aqui bebemos Estrella Galicia e ouvimos música celta. Bem, também ouvimos música inglesa, cantada por grupos galegos, claro.
E perguntam-me, então: “E a Espanha?”
Para dizer a verdade, não sei bem onde fica, mas deve ser uma localidade bem longe daqui, lá para os lados de Madrid, suponho.

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