Imersão-integração

13.10.08

É interessante este mecanismo de aprender uma língua através da técnica de “imersão”. Todos sabem que quando saímos de um escola de idiomas, somos lançados ao mundo a falar como freiras. O nosso trabalho de casa eterno é o de trabalhar na nossa integração. Estamos a conversar com alguém e dizemos “responder”, a pessoa segue a conversa usando o termo “contestar”. Pois que seja “contestar”, então. Risca o “responder” da lista e segue em frente.
Pois se a nós “nos gusta” alguma coisa e à pessoa com quem estamos a falar “mola”, então a nós “mola” também, está decidido.
Chamemos-lhe “técnica de integração-imersão”
E sigo eu, diariamente, batalhando nesta guerra linguística que, como o nome indica, está cheia de vitoriosos e vencidos.
E hoje, admito, fui derrotada.
Estávamos todos a almoçar. Conversa vai, vem, e chega ao ponto em que resolvo intervir. Contavam uma história espantosa (não, não repeti o mesmo erro!).
E lá fui eu comentar:
- É caso para aplicar aquela expressão que vocês usam por aqui. Como é mesmo?
(pausa para que a atenção toda se vire para ouvir o meu momento de glória)
- Ah é “bua, neno!”
(silêncio, entreolhares)
- Sabem? Aquela expressão de espanto….
E é então que alguém grita:
- Bua neno!!!
Gargalhada geral. Marina muito aflita, roxa de vergonha, olha em volta, implorando por uma explicação.
Gargalhada continua. Até que uma alma caridosa diz:
- Mas com quem te andas a dar?
Passo a explicar: Estava outro dia na praia e por trás de mim encontrava-se um grupo de rapazes que sempre que queria enfatizar, ou comentar algo com espanto dizia “bua neno”. Foi então que de sorriso matreiro anotei no meu caderninho mental como “expressão a usar” em vista à famosa integração. Seria um sucesso.
Parece que os rapazes que estavam atrás de mim na praia eram “adolescentes chungas” e que “buá neno” é algo como o nosso “aína man”.
É como eu digo. Isto da “imersão-integração” tem o que se lhe diga. Há que saber com quem "emergir" e o momento certo para o fazer. Porque, caso contrário, triunfa o pensamento que hoje vai comigo para a cama: “Afinal qual é o mal de falar como as freiras?”

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