A geração desencanto

12.12.09

Fomos enganados.
Disseram-nos que seriamos melhores, mais cultos, que estaríamos no topo do mundo, que a educação era a nossa principal virtude. Então sentámo-nos naquelas mesinhas de madeira, enchemos cadernos de canetas coloridas, recitámos poemas em voz alta. Tivemos noventas, cens, dezoitos e vintes. Usámos óculos e dicionários. Fizemos da vida uma espera. Uma espera pelo almejado futuro esplendoroso.
Entrámos nas melhores faculdades, aprendemos sobre Foucault, Heidegger e Nietzsche. Semiótica, teoria do texto e cultura contemporânea. E como se não bastasse, viajámos. Conhecemos o globo com a palma dos nossos pés, experimentámos novas culturas, brindámos em línguas estrangeiras, discutimos política com comunistas e fascistas, com democratas e republicamos. Aprendemos línguas, lemos os clássicos, ouvimos as vanguardas musicais. Absorvemos o mundo.
E quando voltámos, esperámos. Porque se fores bom, as portas nunca se fecharão. Disseram-nos um dia, e nós, ingénuos, acreditámos.
E então aqui estamos nós, esta geração enganada. A geração dos livros, dos cursos e dos mestrados. A geração do estudo, quando, de repente, o que importa já não são os manuais. É a crise, dizem. E nós somos os azarados. Ou talvez sejamos apenas jovens enganados, absorvidos pelo sistema. Demasiados desiludidos para poder lutar. Porque garantiram-nos que seriamos melhor que os nossos pais e o nossos filhos também nos superariam. Mas, de repente, parece que o mundo está a girar ao contrário e nós, bem… Nós já nem sequer sabemos se queremos ter filhos.

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