A burra e o telefone

29.12.09

Toca o telefone. Logo o meu telefone que é uma constante pasmaceira. Era, sem surpresas, a Movistar. Queriam convencer-me a mudar de companhia telefónica.
Uma vez tive uma amiga que trabalhou para uma dessas empresas e ela disse-me que eles ganham pela quantidade de gente à que conseguem “largar todo o discurso". Então, desde ai, eu deixo-os sempre falar até o final. Não custa. A técnica é a seguinte: ponho-os em alta voz, continuo com o meu trabalho e quando acabam digo que não estou interessada. Até hoje tinha funcionado de maravilha.
Até hoje.
A senhora falava, falava, falava, falava. Eu ouvia-a ao fundo, quase sem respirar.
No final diz-me: “Então para que morada devo enviar-lhe o telemóvel novo e o contrato?”
- Ah, não, não estou interessada - apresso-me.
- Como não? Se isto só lhe traz vantagens.
- Certo, mas não quero mudar.
Por alguns minutos a senhora continuou a explicar-me porque deveria passar-me à sua companhia. Eu digo-lhe que não, que não quero, que estou satisfeita com a Vodafone e é então que a coisa se exalta.
- Mas você e burra ou quê? Não ouve o que lhe estou a dizer? – pergunta-me a senhora. Assim. De cara podre.
Eu fiquei sem reacção. Ela tinha acabado de chamar-me burra.
Dei uma risadinha cínica e disse-lhe que não admitia que me tratasse assim e que iria desligar o telefone. Então ela põe a cereja em cima do bolo:
- Se desligar nós voltaremos a ligar-lhe. Portanto o melhor que tem a fazer é dar-me agora a sua morada.
Foi automático. Quando dei por mim já tinha a ligaçao terminad e a cara vermelha a ferver de raiva.
Eu queria ter gritado, armado um escandalo, pedido para falar com o seu superior, feito uma reclamação e exigido a despedissem. Mas, naquele momento, a única coisa em que eu pensava era:
"Desde quando é que a técnica agressivo-autoritária triunfa no mundo das vendas?"
Ainda estou incrédula.
Burra. Ela chamou-me burra. Assim. Com todas as letras. B-u-r-r-a.

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