Um Samaín à portuguesa

3.11.09

Conheci o Murphy há um ano atrás num baile de Samaín. Apaixonamo-nos e fugimos decididos a passar uma vida a dois longe das discotecas de after-party corunhesas. Já a amizade com o zombi-zorro-coveiro é um pouco mais antiga. Começou com gargalhadas em muros de cimento e discussões sobre mariscos esmagados. Já havia sangue desde o principio.
Mas naquele dia o destino resolveu juntar a estas três almas perdidas para uma noite à caça de bruxas. Ou melhor dito, à caça a fantasmas enterrados do passado.
Começámos com maquilhagens e conversas profundas. Juntamos à festa uma litrosa ou duas e uns quantos amigos descaracterizados. Rimo-nos com dor de barriga e, aos poucos, fomos perdendo a compostura. No final da noite fizemos o balanço. Constava uma cabeça degolada, um chapéu pontiagudo perdido no vento (ou num subtil movimento de cabeça) e garras espalhadas pelo chão encharcado do Bairro das histórias.
E dessas andanças ficou uma amizade. Uma amizade que ressuscitou alguns fantasmas de erros passados e trouxe de volta a certeza de que não se devem enterrar vivos os sentimentos. Eles voltam à vida na ressaca do Samaín.

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