O mundo em que vivemos, parte II

30.11.09

Estávamos sentadas num daqueles compartimentos de quatro pessoas do comboio. Elas, espanholas que não falavam inglês, eu, dez anos de british council e em busca de companhia para as 5 horas de viagem. Então surgiu a amizade e com ela a conversa sobre a vida madrileña e a vontade de comprar umas galochas, A eterna crítica à qualidade do café inglês e a constatação de como é bom viajar. E a cumplicidade foi aumentando, até que uma das raparigas comenta:
- Ah, e quando voltar de Cardiff vou a Paris – diz a loira dos brincos de pérola.
- A serio? Vais adorar! Sabes que eu sempre que estou em Paris tenho a sensação que em todas as pontes há um rapaz a pedir a namorada em casamento – confesso, sem entender muito bem porque lhe contei aquilo.
- É uma cidade muito romântica – sintetiza a morena com um blush demasiado vermelho para o seu tom de pele.
- Não me digas isso – preocupa-se a loira de madeixas recém feitas – O meu namorado sempre me disse que um dia me pediria em casamento em Paris... O problema é que outro dia ligou-me a dizer que já tinha comprado bilhete. Meu Deus, sou muito nova para casar.
Eu ri-me e a amiga franziu as sobrancelhas. A situação foi salva pelo quarto elemento feminino do nosso compartimento do comboio. A senhora idosa junta-se à conversa e tenta resolver a situação:
- Não te preocupes filha… Estando as coisas como estão aposto que lhe confiscariam o anel de diamantes no Raio X do aeroporto.
O casamento é uma arma potencialmente letal, conclui. Este é o mundo em que vivemos.

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