!Cambio!
25.11.09No meu novo ginásio não há computadores nem máquinas cardiovasculares. A balança é analógica e só há duas funcionárias (as donas do local).
Cambio
As coitadas são tão baixinhas que não conseguem pôr a grade da porta totalmente para cima e, então, eu tenho sempre a impressão que os vizinhos da frente acham que ali dentro há um negócio ilegal de tráfego de mulheres vestidas com roupas justas.
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Como são pessoas pequenas, não lhes importa que o seu estabelecimento tenha a mesma área que a sala a minha casa e apenas 10 máquinas à disposição das suas sócias. Parece-lhes normal. Acolhedor, dizem as 30 mulheres que todos os meses pagam 40 euros por este serviço especializado.
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Sim, mulheres, porque outro dia apareceu o namorado de uma delas e as sócias gritaram em uníssono: “Chooo, aqui não entram homens”
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Só há um que tem permissão para passar da porta meio gradeada. E, na verdade, nem é bem um espécime masculino. É só uma voz forte e autoritária que nos acompanha todos os dias durante meia hora. E que de trinta em trinta segundos grita:
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E então la estamos nós, feito baratas tontas, a mudar de máquina em máquina de exercício em exercício. Aprendendo o verdadeiro valor de 30 segundos. E ele volta a mandar:
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Um pouco machista, eu diria. Mas o homem ordena e as mulheres obedecem. Como na sociedade em si, reflexionaria o taxista que apanhei outro dia. Sociologias à parte, a voz impõe e nós cambiamos, e vamos cambiando, como se a vida fosse isso. Como se um cambio fosse assim tão fácil.
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E então enganamo-nos num exercício. Não conseguimos atinar com a coordenação do movimento e a funcionaria baixinha ri-se e diz que não faz mal, que o importante é que nunca pares.
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E eu mexo-me descordenadamente e penso que esta sala é algo mais que um ginásio. É um filosofia de vida: Se te mexeres sempre, não tardará em chegar o próximo
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