O mundo em que vivemos...

30.11.09

Eram umas 50 pessoas as que estavam fechadas naquele autocarro. Havia o problema da gripe A, do vizinho que cheirava mal, da senhora que falava alto e do motorista que, sabe-se lá, podia não saber conduzir. Mas no fundo, bem no fundo, o receio era outro. De repente, PUM. O estrondo foi tão alto que o autocarro saltou em coro. À minha direita um grupo de amigas gritava, as que estavam atrás recuperavam-se de susto e a senhora recém-divorciava aproveitava o momento para refugiar-se nos músculos do seu novo namorado. Os mais racionais olhavam à volta, “mas o que foi isto?”, ouvia-se repetidamente. Não demorou nem um minuto mais e, subitamente, ouve-se outra vez: PUM. As amigas abraçaram-se e o grupo da esquerda soltou um vasto rol de asneiras. O motorista, que, seguramente, faz desta rotina um prazer, gritou com voz de troça: “Tranquilos, estava só a fechar a janela”.
Metade do autocarro riu-se do patético da situação, a outra metade preferiu insultar o motorista de sentido de humor duvidoso.
Olhei para trás e uma menina limpava a sua lágrima de nervosismo.
Este é o mundo em que vivemos....

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