Queridos senhores deuses do aniversário,

28.10.09

O meu nome é Marina e escrevo-vos porque tenho um pedido muito especial para fazer-vos. Antes de mais, quero assegurar-lhes que sempre me portei bem com vocês. Comprei bolos, fiz discursos de copo na mão, organizei festas, recebi e dei presentes. Portanto, sem mais, aqui vai: Será que este ano posso não fazer anos? A serio, por favor, vá lá?
Sim, já sei, que o que peço não é fácil. Imagino a quantidade de cartas e emails que vocês recebem todos os anos de futuras quarentonas desesperadas, de modelos em risco de reforma antecipada, de desportistas que que só precisam de mais uns anos para ganhar o seu grande prémio. Mas o meu caso é diferente. Eu prometo.
Daqui a uma semana faço 23 anos. (Calafrio). Vocês estão a perceber a magnitude da coisa? V-i-n-t-e-e-t-r-e-s. Já não são os 20 redondinhos, os 21 para poder ir aos pubs ingleses ou os dois patinhos na lagoa. 23 tem cara de maduro, de crescido e de responsável. É a idade que, quando era pequena, eu dizia que ia ter quando nascesse o meu primeiro filho (o que supunha um marido, um casamento, um emprego estável e um salário decente). A idade que marca a ponte para os 30. Toda a gente sabe que a contagem é a seguinte: 23-30, assim, num pulinho.
Não, senhores deuses do aniversário, por favor, não me façam isso. Estou tão contente com os patinhos na lagoa. Logo eu que todos os anos organizo festas, jantares e viagens. Faço listas de presentes e programo a roupa para usar nesse dia. Ponho bateria na máquina fotográfica e deixo o telemóvel a carregar. Eu, que ha 3 anos celebrei-o em Turim, há dois em Salvador da Bahía e o ano passado na grande metrópole corunhesa. Mas eu este ano não quero festa.
Não quero, não sinto e não estou “de cumpleaños”. Não houve inferno astral, nem contagem decrescente. Nao houve jantares para organizar, nem presentes para pedir. Porque este ano, senhores deuses, não está nos meus planos fazer aniversario.

Podem dar-me um ajudinha?

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