Cafés

18.7.08

Saiu esta semana um estudo da Eurostat sobre o consumo familiar de restaurantes, bares e associados. Os portugueses lideram a lista.
Não surpreende. Não surpreende nada.
Os meus pais sempre acharam estranhas as minhas idas ao café.
- Mas nem bebes café.
A tentativa de explicação resultava num torcer do nariz e num “diverte-te” com sorriso complacente.
Os portugueses vão ao café. É natural e irreversível.
Eu, na verdade, sempre tive uma pontinha de inveja (de adolescente que, no fundo, não se sente totalmente integrada) ao ouvir os meus amigos contarem que iam ao café com os pais.
- Os meus pais fazem “happy hour” serve?
Não. Obvio que não servia.
Em pequena também eu queria ir ao café com a família e comer aqueles bolos horríveis. Também queria que eles colocassem açúcar no dito líquido e que o mexessem com o pau de canela.
- Quero adoçante, por favor.
E segue-se uma dissertação da minha mãe sobre o “absurdo” de não trazerem logo o adoçante já que “hoje em dia todo o mundo usa adoçante”.
Quando me deparei com essa sondagem tentei imaginar a minha família no café. E surgiram as incompatibilidades.
Falam alto demais, metem-se demais com os empregados, consomem demais, demoram tempo demais sentados à mesa. Não gostam de bolos, nem de fumo, nem de água da torneira. Chamam os cafés de “tasca” e reclamam sempre do “banheiro”.
Mas o pensamento aterrou numa conclusão que há muito tempo não tinha.
- Sou, definitivamente, estrangeira. Aqui, e em qualquer outra parte do mundo.

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