O país puro
27.9.15
Em Laos o tempo passa devagar. Slowly. Não há pressas nem horarios. Há sempre um momento para descansar na rede ou tomar uma Beerlao. Para conversar, jogar às cartas ou ler durante horas.
- Que fizeste hoje? - pergunto
- Just chill - é a resposta mais habitual.
Porque Laos é um paraíso para o “chilling”. Os hotéis são cabanas à beira rio. Custam 2 ou 3 euros com rede na varanda. Não se paga extra pelas vistas porque aqui sempre há vistas. A montaña é virgem e a estrada, de terra, é uma harmonia de tons de verde.
- Não sabia que havia tantos verdes - disse-me um dia a Daisy.
Com ela estou a viajar há três dias. Falamos de tudo e de nada. Respeitamos os silencios. Ontem surgiu a pergunta:
- Achas que os laosianos são pobres?
Aqui há tempo. Tempo para dissertar durante horas sobre qualquer questão. Como a pobreza, por exemplo. O que é ser pobre?, perguntei. Eles teto. Arroz, bambú e galinhas. Quase sempre uma fonte de agua em cada vila. As crianças brincam às gargalhadas e vestem uniforme para ir ao colegio. São, definitivamente, felizes. Não, não têm internet, telemóvel, agua quente ou colchão na cama. As casas não são de cimento e a higiene é um conceito ambiguo. Mas são pobres? Nós, mochileiras e observadoras, preferimos concluir que são “puros”.
Laos é, ainda, um país puro.
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