O centro

30.10.15


Durante 4 dias desapareci. Desapareci e encontrei-me dirão alguns. Desapareci para busar-me, direi um dia. Quem sabe.
Esperava quatro dias de silencio absoluto, de mantras, kharmas, noites mal dormidas num chão de bambú e um estômago a roncar de fome.
Não tive nada disso. Quase nada. E o que tive foi infinitamente melhor.


Conforto, disse o "teaching monk" de nome impronunciavel. Para encontrar o centro precisamos de conforto. Um conforto mínimo. Suficiente. "Less is more", dizia a toda a hora. E nós absorvíamos. 
Durante quatro dias procuramos o centro e vivemos em mínimos. Fecha os olhos. Cruza as pernas. Conecta as mãos. "Bright and clear", repetiamos vezes sem conta. 


"Meditaste de verdade?", perguntam-me. E eu digo que sim. Algumas vezes, sim. É como um estado de hipnose, costumo explicar. 
Foram dias de paz e natureza onde o pensamento estava proibido. "Pensar não é sempre uma virtude", disseram-nos. Eu lutei contra essa verdade, mas acabei aceitando, evitando o raciocinio e concentrando-me no "nada". O meu nada está no meio da barriga e tem forma de bola de cristal. Quem diria.


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