Os 29 que acabaram em herpes

9.11.15


Disse que queria um dia relaxado. Com amigos, sem autocarros. Com agua quente, sem stress. Num sitio com internet para receber chamadas e o amor que vem do outro lado do mundo.
Disse.
Mas ja aprendi que aqui a palavra não tem valor. O dizer não faz historia. 
Quando me apercebi já tinha rasgado aquele bilhete de autocarro, despedido os planos de um aniversario à beira lago e estava num taxi, as 3 da manha, rumo ao incerto.
Incerto para mim é entrevistar um monge birmano que ameaça musulmanos. Incerto é ver o nascer do sol num carro desconhecido. De pequeno almoço: churros chineses e chá com leite condensado. Incerto é pôr a velocidade a 50, o foco em manual e o papel branco à frente da cara do "bin laden". Incerto é apertar o REC com borboletas no estomago. 
Nessa altura ainda tinha 28.


"O que fizeste no dia do teu aniversario?", perguntam. Caminhar por estradas sem carros, visitar templos vazios, dizer uma e outra vez "esta cidade é absurda". Almocei fruta e jantei pão numa área de serviço. Passei 5 horas num autocarro. No fim da noite, contabilizei. No dia dos 29 recebi cinco chamadas. Não pude conectar o whatsapp nem o Facebook. Os "parabéns" ficaram sem ler nem responder. Não soprei velas nem recebi presentes.
Os 29 começaram na Birmania com tanto stress que acabaram em herpes. Os 29 foram imperfeitos, interessantes, diferentes, desafiantes, intensos e, porque não, históricos.
Quem sabe um principio de um novo ato. 

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