Voltar
19.11.15
Voltar é dormir de conchinha, é ter chave de casa e um edredon da Minnie no sofá. Voltar é ser recebida com flores, sol, balões e beijos. Não queria voltar mas voltei e bem que gostei.
Gostei de ter um armario cheio, duas escovas de dente e uma parafernália de cremes para o cabelo. Gostei de voltar ao supermercado e comprar comida de verdade.
Porque voltar para casa é cozinhar, ler as noticias, ouvir vozes familiares na radio. Queixar-se do tempo. E ter tempo. Em casa os segundos passam a outra velocidade. Não há um horario para o breakfast, não há pressa para reservar o autocarro, não há chaves na porta do hostel, nem o happy hour das 7 às 9. Aqui a cerveja é quando eu quiser.
Estar em casa significa ter uma bicicleta. Aulas de italiano e um quarto que faz de ginásio. É sinónimo de ter amigos que duram mais de uma semana. As caras repetem-se uma e outra vez.
A casa cheira a nós e não sentimos cheiro. A cama está amoldada ao nosso corpo. A rotina integra-se com rapidez. As manias retornam e os pensamentos também.
Voltar a casa é achar inaceitável dormir com baratas, tomar banho de agua fria, ir à praia sem depilação. Quem faz essas coisas? Hoje paguei 20 euros num almoço. Há uma semana paguei 1 e achei caro.
Naquele mundo acordava às seis de manha, neste, faço um esforço para não adormecer antes da uma.
Voltar é bom o problema é esquecer que fui.
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