O pais da primeira vez

20.10.15

O Cambodia é um pais de contrastes, contradiçoes e, talvez por isso, para mim, o pais da primeira vez.


Não me esquecerei que foi aqui onde chorei num museu. Os Killing Fields. Onde fui a uma praia paradisiaca para nadar no mar durante a noite. Ali, sem electricidade nem lua, o nosso corpo se iluminou debaixo da agua graças ao planctum. Gritei de felicidade e assombro. 


Tive a minha primeira intoxicação alimentar (não me podia livrar de uma) e comi o meu pior jantar (tenho a sensação que as duas coisas estão relacionadas). 
Fiz a minha primeira entrevista em video 100% sozinha e tive problemas. Vários. Superei-os todos. 
Realizei um sonho entrando em uma das 7 maravilhas do mundo, suspirei com o amanhecer em Angkor Wat, dormi sorrindo com os pés nas aguas turquesa de Kho Rong, vi uma migração de 8 milhões de morcegos, comi noodles recém feitos e fiz bons amigos. 


MAS. Mas esta foi também a primeira vez que tive "mixed feelings". Na capital Khmer acabei  sozinha num hostel vazio. Tomei sumo de cana de açúcar e contribui para o PIB nacional com varias doses de fruit smoothies ao dia para compensar a minha má alimentação. Porque no Cambodia toda a comida tem alho. E o alho me faz vomitar. Não vomitei mas tive dor de barriga, passei fome, sede e calor. Revoltei-me com o lixo na rua, com a arrogância e com as más formas. Tentei compreende-los. Vivi na pele o que significa estar "no segundo pais do mundo com mais feriados" e escutei uma e outra vez que estavam fechados pela "festividade". O feriado (de 2 dias) durou, na pratica, 2 semanas.


Este foi o pais dos sentimentos encontrados. Detestava o constante cheiro de comida podre na rua e, um segundo depois, me surpreendia com a beleza do lugar. Discuti com um motorista e 5 minutos mais tarde estava a rir-me às gargalhadas com outro. Fui enganada (isso é inevitável) e também dei gorjetas pela honestidade inesperada. Fiz o pior tour desta viagem e um dos melhores também. Detestei e adorei. Frustrei-me e surpreendi-me. Tentei sair do branco e negro, procurar os tons cinzas, fugi dos turistas e encontrei-me.
"Gostaste do Cambodia?", perguntam-me. Eu digo que sim, claro que sim. Quem disse que as coisas fáceis eram as melhores?

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