Então adeus

5.3.10

Hoje é um dia triste. Um dia triste que precederá muitos dias felizes, espero, acredito. Mas isso agora não importa. Não lhe tiremos a importância a este momento.
O dia do adeus, até já, abraços apertados e chocolates que não posso comer. O dia dos presentes, da boa-sorte, do “tenho a certeza que tudo vai dar certo”. O dia da dúvida, do aperto no peito e da lágrima engolida com um sorbo de cerveja. Uma manhã de olhos inchados, sussurros e momentos de meditação debaixo dos lençóis.
O dia do “último”. O último almoço, a última pausa a meio da manha, a última discussão com actores impertinentes, a última queixinha, a última vez que dizemos e gritamos a quatro ventos “com o dinheiro que ganha, devia lamber o chão em que pisamos”. A última piada que vai para a parede, a última “tu estás gorda, cala-te”. O último dia sentada nesta cadeira tão minha.
Então adeus. Adeus computador barulhento, telemóvel que não vem factura no fim do mês, canetas, papeis, apontamentos e arquivos. Adeus recortes de jornais e actualizações de pagina web. Adeus entrevistas recusadas e outras pedinchadas. Adeus campanhas de promoção, ante-estreia e conferencias de imprensa.
“Se te arrependeres, volta”, dizem-me e eu digo que sim. Mas no fundo todos sabemos que este é o último dia. Depois de hoje: bye bye, kaput, até uma próxima vida.

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