17 anos depois.

7.5.09

Esta é a história de uma família que um dia cantou ao telefone: “É uma casa portuguesa com certeza” e para Portugal se mudou. De uma mãe que disse, “na minha casa não entra esse sotaque” e de um pai que andou num exercito de paredes cor-de-rosa.
Por ali cresceram dois irmãos que gravavam telejornais para não se aborrecer nas viagens, que eram repreendidos pelas professoras por dizer “à” e não “â” e que nunca comeram sopa à refeição.
Naquela família houve um cão chamado Moby Dick, um hamster Godofredo e umas tartarugas que são do tempo em que o Tom Cruise ainda não tinha descoberto a religião da ciência.
Ali vive a filha que habitou um armário e o filho que pôs cola no cabelo. A mãe secretária, professora e, recentemente, artista e o pai que, dizem, escreverá um livro.
Mas a família foi crescendo e cantando outras canções. Criaram um estilo luso-espanholo-brasileiro e recentemente anunciaram que incorporarão também uns ritmos americanos, daqueles que surgiram nos ambientes académicos tradicionais.
Os anos passaram e agora ao pai dói-lhe um joelho e à mãe o dedinho do pé. Descobriu-se que a filha foi um erro genético e que o filho, dizem, ganhará o prémio Nobel.
Diz-se por aí que falam alto, que têm um humor peculiar e que nunca chegarão a um consenso sobre o acordo ortográfico.
Mas que, apesar do seu novo estilo musical, continuam, todos os anos, celebrando o 7 de Maio, o dia em que o destino decidiu que para aquela família, de aptidões musicais nulas, a música tornar-se-ia uma realidade.
“…É com certeza uma casa portuguesa”.

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