18.6.08
Eu tenho um segredo.
Todos nós temos um segredo. Mas eu tenho um segredo que me contaram e disseram para «não contar a ninguém». Eu não contei a ninguém. Contei a mim mesma, vezes e vezes sem conta, para conseguir acreditar nele. Mas a mais ninguém. É um segredo daqueles bombásticos. Daqueles que não sabemos se rimos ou se ficamos em estado de choque.
Eu tenho um segredo.
Todos nós temos um segredo. Há a namorada do amigo que curtiu com o amigo da prima e não podemos contar. Mas temos de contar. Porque a verdade é que os segredos nos fazem mentir. Se temos um segredo e nos perguntam por ele. Mentimos. Se temos um segredo e pedem-nos para o confirmar. Mentimos. O problema dos segredos é que soam sempre a traição. Tal como todos temos um segredo, todos temos, também, o amigo que não sabe guardar segredos. Esse é o que prefere trair aquele que contou. E depois há os tipos como eu, que traem o amigo que pergunta.
Mas o meu problema é maior do que ter um segredo.
Eu tenho um segredo e deram-me autorização para contá-lo. E agora não sei como fazê-lo.
Já estou nervosa. Pronto.
Já me habituei àquele segredo. Era meu. Só meu. Sentia-me como num altar, como a importante guardiã das chaves.
Sentia que toda a confiança e as expectativas estavam concentradas em mim. Eu era importante porque tinha um segredo. E ninguém, absolutamente ninguém, podia saber. Nunca.
Mas agora posso contar e não sei como.
Como se diz a uma pessoa «eu tinha um segredo mas agora posso contar-to». Como se diz a uma pessoa «eu tive este tempo todo a mentir-te, mas a culpa não foi minha». Como se diz a uma pessoa «eu vou contar-te um segredo, mas não podes contar a ninguém»
?
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