A arte de viver sozinha

21.6.10

Viver sozinha é comprar a baguete pequena e o mini pote de maionese que custa o dobro do pote normal. Viver sozinha é deixar a comida apodrecer no frigorífico. É ter um acesso online às contas do banco. Sentir uma facadinha no coração sempre que fazemos a transferência da renda. Viver sozinha é ter ajudas do estado por viver sozinha.
Dizem que é bom ser independente, mas quem o diz leva todos os dias para o trabalho as sandes que a mamã preparou no dia anterior. “Ser independente” é preparar as próprias merendas. É fazer contas à vida. É deixar a louça suja na pia e quando voltamos do trabalho ter de se esforçar o dobro para limpar a comida ressequida dos pratos. Viver sozinha é estragar as unhas a lavar a louça.
Mas mais do que valorações de bom, mau, regular, viver sozinha é uma arte. A arte de comer todos os dias a mesma comida e queixar-se que “cozinhar para um sai caro”. A arte de limpar no fim-de-semana e arrumar quando se desarruma. A arte de dormir e acordar com a cama vazia. A arte de, apesar de todas as criticas, continuar a achar que viver sozinha é uma arte.

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