Primeiro fui expulsa da redacção porque “dava má sorte”. Depois recebi insultos, muitos “contigo não da para ver o jogo” e outras tantas ameaças de despedimento e deportação.
Uns minutos depois começaram os comentários: “Vão mais é vender toalhas!”, “Bebam vinho verde e deixem-nos em paz”, “Agora que vamos ter o Ikea, já não precisamos de vocês”. E eu ria-me e não insultava de volta. Menina comportada.
No intervalo, passeei, propositadamente, pela redacção. Poucas pessoas dirigiram-me a palavra.
Quando voltei para a “minha televisão” apercebi-me que me tinham deixado sozinha. Fui em busca dos meus amigos que estavam refugiados noutro canto do jornal:
“Hei! Vocês abandonaram-me!”, “Claro! Gritas demais, dás má sorte!”.
Voltei para o meu cantinho e o telefone tocou. Do outro lado disseram-me. “Não sei se percebeste que sempre que Portugal faz uma jogada, só se houve um pequeno gritinho histérico perdido no meio da tensão. Estás sozinha Marina, cala-te!” Haha.
Depois foi golo e, surpreendemente, começaram os sinais de afecto. O telemóvel não parava de tocar, as mensagens entrando a cada minuto e as comemorações foram todas, !que casualidade!, à frente da minha porta. “Gostamos de ti, mesmo que a tua selecção seja uma porcaria”, diziam-me.
Quando o jogo acabou, recebi muitos abraços e beijinhos, muitos pêsames e muitos pedidos de desculpa. “Queria certificar-me que a nossa relação continua intacta”, disse-me um amigo depois do jogo. Queria ver se tivesse sido ao contrário. Mas isto de ser cidadã do mundo tem essas vantagens: Vamos, Brasil, força! Dá-me esse gostinho.
Uns minutos depois começaram os comentários: “Vão mais é vender toalhas!”, “Bebam vinho verde e deixem-nos em paz”, “Agora que vamos ter o Ikea, já não precisamos de vocês”. E eu ria-me e não insultava de volta. Menina comportada.
No intervalo, passeei, propositadamente, pela redacção. Poucas pessoas dirigiram-me a palavra.
Quando voltei para a “minha televisão” apercebi-me que me tinham deixado sozinha. Fui em busca dos meus amigos que estavam refugiados noutro canto do jornal:
“Hei! Vocês abandonaram-me!”, “Claro! Gritas demais, dás má sorte!”.
Voltei para o meu cantinho e o telefone tocou. Do outro lado disseram-me. “Não sei se percebeste que sempre que Portugal faz uma jogada, só se houve um pequeno gritinho histérico perdido no meio da tensão. Estás sozinha Marina, cala-te!” Haha.
Depois foi golo e, surpreendemente, começaram os sinais de afecto. O telemóvel não parava de tocar, as mensagens entrando a cada minuto e as comemorações foram todas, !que casualidade!, à frente da minha porta. “Gostamos de ti, mesmo que a tua selecção seja uma porcaria”, diziam-me.
Quando o jogo acabou, recebi muitos abraços e beijinhos, muitos pêsames e muitos pedidos de desculpa. “Queria certificar-me que a nossa relação continua intacta”, disse-me um amigo depois do jogo. Queria ver se tivesse sido ao contrário. Mas isto de ser cidadã do mundo tem essas vantagens: Vamos, Brasil, força! Dá-me esse gostinho.