Nuestros Hermanos

27.9.09

Outro dia estava a dar uma reportagem na televisão sobre Portugal. Eles andavam pela rua a perguntar aos portugueses o que achavam de Espanha, até que há uma rapariga que diz: “eu adoro os nuestros hermanos espanhóis”. A minha amiga espanhola começa a rir-se. Não, corrijo, tem um ataque de risos incontrolável e comenta quase a engasgar-se: “Como assim vuestros hermanos espanhóis?”. Eu, meio envergonhada, explico-lhe que como pertencemos à Península Ibérica e somos “vizinhos”, nós costumamos referir-nos a Espanha como nossos “irmãos”. Então ela pergunta: “Mas esse sentimento não deveria ser mutuo?”.
Eu fiquei a olhar para o vazio, com cara de filho que acabou de descobrir que era adoptado e respondi-lhe, apelando ao sentimento:
- Se calhar nós gostamos mais de vocês que vocês de nós.
- Não é isso – diz ela - É só que nós não costumamos sequer falar de Portugal.
Eu engoli fundo e aceitei a derrota. Chamem-lhe prepotência ou complexo de superioridade, mas parece que os laços de sangue já não tem a importância de antigamente. Sugiro que deserdemos este irmão mal agradecido. (Se Portugal morresse, deixaria herança? Ou só dividas?)

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