O Nonno
24.4.09Como emigrante desde os meus cinco anos, a saudade tornou-se, para mim, um conceito muito esbatido. Comecei por dividi-la por escalões e a colocar os meus saudosismos numa escadinha imaginária que marcava a minha ordem de preferências.
Depois a vida foi crescendo e eu, como seria inevitável, fui emigrando, emigrando e voltando a emigrar. Nessas andanças acabei por conhecer pessoas que não voltaria a ver, pessoas para as quais não havia um espaço na minha escadaria. Então um dia revoltei-me e impluda-a. Peguei em todas as minhas saudades e guardei-as bem juntinhas num caixote de memórias abstractas.
Tudo isto porque ontem tive saudades do meu avô.
Saí do trabalho, desorientada, em busca de um lugar onde colocar esse sentimento. Entrei no supermercado, comprei um pacote enorme de bolachas Maria e, ao chegar a casa, molhei-as num copo de leite a sair fumaça.
Foi então que, sete anos depois, me senti aquecida por dentro.
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