Gilipollas!

25.2.09

Ultimamente tenho me debatido muito com “o sotaque”.
- Por que dices que no tengo un buen acento español? – perguntei um dia ao Brutos (pseudonimo que o meu amigo inventou para si mesmo, para deixar de ser citado no Margem de Erro como “um amigo”).
- Por quez dizez que noz tzengo un buenz azentoz ezpañol? – repetiu o Brutos com ar de desprezo. Tenteu convence-lo de que falo bem, de que é o ouvido dele é que tem problemas, mas ele é o Brutos e nunca daria o braço a torcer.
Resolvi, então, mudar de alvo e tentar fazer a pergunta ao menino bonzinho da turma, de certeza que ele iria dizer que o meu acento é perfeito.
Ele propõe-nos uma palavra-teste (só para não nos dizer, assim de cara, que somos uma lástima).
- Quando conseguirem dizer bem a palavra “gilipollas”, estão pronta para falar bem espanhol.
- Gi-li-po-llas – gritava eu e a Carol no meio das ruas de Lisboa.
- Não - dizia ele - Gi-li-po-llas.
- Gi-li-po-llas – gritávamos cada vez mais alto. Seguiam-se caras de desilusão, gargalhadas e gestos de desistência. Horas depois de ouvir, repetidamente, a mesma palavra, o nosso amigo teve piedade para connosco (e para com o seu ouvido) e disse que estávamos muito melhor.
!Muy bien!
Hoje fomos, então, falar com o Brutos para fazer o teste final.
- Gi-li-po-llas! – Gritámos.
- Dizendo isso dessa maneira, nunca conseguirão o respeito de ninguém – sentenciou, sem que fosse preciso perguntar-lhe a opinião. Riu-se, passou-nos a mão pela cabeça, e foi-se embora.
E essa foi, de facto, a primeira vez que nos apeteceu gritar aquela palavra de verdade. Mas não o fizemos. Sabemos que há que treinar um pouco mais.
Dizem que o problema está no “o”. E no “lla”. Que o mais difícil é o “s”. Mas também já confessaram que o nosso “gi” não é muito bom.
Mas vamos conseguir. Nem que seja para podermos chamar “gilipollas” ao Brutos.

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