os desconhecidos
7.5.08Sempre me senti atraída por pessoas desconhecidas. Mas não aquelas simpáticas e de bom coração. As que tratam mal e humilham, as que têm manias estranhas ou são muito mal humoradas. Escolho sempre os meus ídolos partindo do pressuposto de que jamais seriam antipáticos comigo ou com as pessoas que eu gosto porque eu, ao contrário das pessoas normais, sou óptima e tenho um gosto maravilhoso. Óbvio que talvez fossem um pouco cretinos, uns mais que os outros, mas é algo que eu posso ignorar já que lá no fundo sinto que isso até lhes dá um certo charme.
É tão mais fácil ter um relacionamento com alguém com quem nunca convivemos ou vamos conviver.
Na vida real, não conheço muitas pessoas pelas quais me sinta feliz por ter conhecido. Há as boas pessoas, e aquelas que têm sempre um sorriso e uma palavra amiga, mas e aquelas verdadeiramente interessantes e cheias de atitude? Uma vez uma amiga descreveu uma pessoa como sendo «incrível». Conclui que conheço poucas pessoas assim.
Conheci no passado, e irei conhecer no futuro. Mas no presente e no dia a dia, com os comentários impensados e as pequenas desilusões, as pessoas «incríveis» escondem-se sempre por trás de véus de aborrecimento.
É tão mais fácil ter um relacionamento com alguém com quem nunca convivemos ou vamos conviver.
Na escola e na faculdade, sem mencionar os verdadeiros amigos, sinto que nunca tive muita sorte. Sempre calhei nas piores turmas, com as pessoas que eu mais abominava. Ok, verdade seja dita. Eu não os abominava verdadeiramente, aprendi a abomina-los. Aos poucos. Dia a dia.
Quando penso em todos os meus relacionamentos que acabaram sem sequer começar, tento convencer-me que, provavelmente, seriam pessoas sem interesse e não valeriam a pena. Aquelas pessoas que não me ensinariam absolutamente nada e nem sequer davam para protagonistas de uma história engraçada qualquer.
Nada melhor para um sorrisinho a meio da tarde, do que saber o quanto ele ou ela era verdadeiramente desprezível, como eu já suspeitava.
E acho que é por isso que gosto de desconhecidos.
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