Money...

If a man is after money, he's money mad; if he keeps it, he's a capitalist; if he spends it, he's a playboy; if he doesn't get it, he's a never-do-well; if he doesn't try to get it, he lacks ambition. If he gets it without working for it; he's a parasite; and if he accumulates it after a life time of hard work, people call him a fool who never got anything out of life.

Vic Oliver

Cat Power, Coliseu dos Recreios

Gostei.
Gostei porque não sabia o que esperar, ou talvez porque a chuva dê choques eléctricos no meu cérebro. Gostei porque tive inveja da sua loucura e dos seus trejeitos inexplicáveis. Porque me embalou para um mundo de algodão doce com raspas de laranja e sequências de sorrisos e suspiros inadequados.
“Ela tem um vozeirão”, comentei em jeito de sussurro. Ao que me responderam simplesmente: “Estou apaixonado”.
E agora a música do meu mp3 surge com o flash-back de eternos aplausos de pé, seguidos de treze vénias meticulosamente executadas.

Desculpem a confusão. Mas se aquilo não foi um ínfimo entreacto de dias chuvosos, o que é que foi? Há dias em que a margem de erro é tão larga que é melhor nem a mencionar.

discriminações "positivas"

Irrita-me o termo discriminação positiva. Mas irrita-me ainda mais que seja necessário que ela exista. As chamadas quotas são a “única” saída para que atletas de alta competição possam estudar, para que PALOPs possam ir à universidade, ou para que deficientes tenham trabalho.
Mas, como em tudo, as pessoas extrapolam e vemos por todo o lado as chamadas discriminações positivas que não têm nada de positivo. O que me levou a escrever este post foi a notícia que saiu hoje a dizer que os responsáveis pelo shopping de São João da Madeira resolveram tirar os lugares “reservados” para mulheres. Para quem não está a par, tratavam-se de vagas de estacionamento maiores, pintadas de cor de rosa e que ficavam logo à entrada do shopping. Porque afinal «as mulheres não sabem estacionar».
Comentei isso hoje aqui no trabalho e alguém disse. «Ah, lugares para mulheres como para os deficientes?».
Pois, isso.

Ora aí está

"Mas se é o mal que prevalece na prática da injustiça, conclui-se que praticar a injustiça é pior que sofrê-la." Sócrates, in Górgias, Platão.

«Dói-me a cabeça e o Universo»

Esta é a frase que Fernando Pessoa escreveu para explicar o meu mundo.
Obrigado Pessoa.

A 'joia do Tejo'

Nunca mais tiram este pavoroso colar de bóias da Torre de Belém. Bóias semi-precisas, dizem. A torre é a nova Princesa do Mar, ouvi.
Ahm?
Coitada, pelo menos lhe tivessem dado um acessório mais bonito. Uns brincos, sei lá. Até um piercing lhe ficaria melhor. Ou uns sapatos, quem sabe. Será que a nossa Torre de Belém não merece alguma coisa, sei lá, mais delicada?
Tenho uma amiga estrangeira a chegar e vou ter de lhe explicar: «Quem fez este colar foi a mesma pessoa que, no ano passado, lembrou-se de fazer em lustre de tampões...»
E ainda bem que ela não conhece a imprensa portuguesa. Senão teria de acrescentar. «E o jornal Público deu quatro estrelas (sim, q u a t r o estrelas) a esta ‘obra de arte’».
Mas atenção!
O que gosto MAIS MAIS MAIS neste colar é a sua razão de ser.
«Queria fazer o projecto na Torre de Belém, porque tomo banho a olhar para ela», disse a Joana Vasconcelos, esse expoente da criatividade portuguesa.

O item 5.

A vida é feita de ciclos. Há o ciclo da escola, da faculdade, das aulas de italiano e inglês. Há o aprender a conduzir e o curso de pintura. E quando o ciclo finalmente fecha, recebemos um diploma que podemos colocar na caixa dos «documentos importantes».
Estão a faltar-me alguns diplomas.
Tenho separadores vazios na minha caixinha.
O problema de não conseguir os diplomas é que, enquanto deixas o ciclo aberto, entra poeira lá para dentro. Faz-te ver tudo com cores distorcidas, formas misturadas com imaginação. E isso não pode ser uma boa coisa.
Já estamos em Maio, mês para rever a lista de resoluções para 2008. E lá estava o item cinco. C I N C O.
5 - Fechar aquele ciclo aberto.
Aquele.
Falta coragem e os meses estão a passar.
Será que os ciclos não se fecham sozinhos?

Gente Grande!

Quando o primeiro ministro deixar (alegadamente) de fumar por causa de um artigo meu, vou sentir-me crescida.
Isso é o que gente grande faz! Quer dizer, com a devida margem de erro.

Aquilo que eu mais gosto no meu trabalho:
- Coffee Breaks
- Canetas e blocos de notas que oferecem durante os Coffee Breaks das conferências

aprendizagens

Aprende-se a viver com isso. Como um defeito de nascença, uma doença crónica, uma carência vitamínica ou um ataque de asma. Aprende-se a viver com isso. Com nomes que se têm de soletrar ou um problema intestinal. Aprende-se a revelar o amor em um olhar e o desacordo com uma música ecoada na nossa cabeça. Uma irritação com um baixar de olhos e um nervosismo com um arrancar do verniz. Mas não se tem de aprender a viver com tudo. Nem com a orelha de dumbo, o olhar mal educado ou muito menos com uma verruga no meio da mão. Não se tem de aprender a trabalhar sobre princípios errados e nem conviver com um chefe que não nos faz crescer.
Porque podemos ter sempre melhor.
E aí está uma realidade com a qual temos de aprender a viver.

Ódios

Odeio pessoas sempre felizes. Irritam-me. Vais ter com elas, trata-las mal, humilha-las e elas sorriem-te e perdoam-te, sempre. Mas que não estava arrependida! “Não faz mal eu percebo”.
E depois ainda há aquelas com quem vais conversar e contas, em tom de desabafo, os teus problemas e elas respondem-te “Aih, ainda bem que eu não tenho esses problemas. Tenho uma vida tão feliz. Coitada de ti”. Odeio.
Mas irrita-me ainda mais aquelas pessoas que se fazem de vítimas. Ligas só para saber como estão, fazer um bocadinho de conversa:
- Então tudo bem?
- Vai-se andando.
(silêncio à espera que a pessoa justifique a resposta, que conte o seu problema, que se queixe do patrão. Mas não. É só uma maneira de responder, ou talvez de encarar a vida)
Como assim “Vai-se andando”? A vida dessas pessoas é assim tão má que não há sequer uma coisa boa que lhes venha à cabeça quando lhes perguntam pela vida?
O pior é que não. Têm vidas boas e empregos estáveis. Mas vão andando.
Quando as pessoas me respondem isso, gosto de imaginá-las a andar perdidas pelo vale das lamurias, ou então numa peregrinação eterna pela felicidade. Essa é gira! Peregrinação – Andando! Ahaha perceberam?

Os meus posts têm me levado a crer que odeio todas as pessoas. Principalmente as que vão andando pelos discursos sobre o tempo.

Parabens a nós!

Foi há 16 anos que cheguei a Portugal. Foi hoje, exactamente hoje, há 16 anos atrás, que cheguei a Portugal.
Este país que tanto odeio e tanto adoro. Que me repugna e apaixona. De onde quero fugir a cada minuto e, nas longas temporadas fora, quero tanto voltar.
Sempre disse com um ar de vitima desolada (e um orgulho escondido) que não tenho pátria. Em qualquer país do mundo seria sempre estrangeira.
Continuamos a ver caretas dissimuladas quando vamos a um restaurante chique, ainda ouvimos o «vê lá o que esta brasileira quer» quando vamos a uma loja, não deixaram de nos dizer que «o senhor Manuel é o seu jardineiro, o meu marido a senhora trata por Sr. Engenheiro».
Mas encontrámos um porto seguro. Um circulo restrito que fala com o sotaque do samba misturado com o «telemóvel» e o «comboio». Os lugares preferidos, os cinemas e os passeios. Temos a nossa casa, que não é nossa, e a esplanada do fim-de-semana da qual também já fazemos parte. Sabemos que continuaremos sempre a ser «aqueles senhores brasileiros» e, no Brasil, «os que vieram da Europa». Mas a verdade é hoje os meus pais resolveram sair para celebrar. Acho que têm razões. E boas razões.
Parabéns a nós.

internetices

Nas minhas viagens (in)uteis pela internet, descobri que os protões e os neutrões (no Brasil protons e neutrons!) têm umas particulas menores chamadas quarks. Ah! Eles também fazem colisões frontais, aceleram e podem gerar energia.
Curiosos estes personagenzinhos traquinas!

os desconhecidos

Sempre me senti atraída por pessoas desconhecidas. Mas não aquelas simpáticas e de bom coração. As que tratam mal e humilham, as que têm manias estranhas ou são muito mal humoradas. Escolho sempre os meus ídolos partindo do pressuposto de que jamais seriam antipáticos comigo ou com as pessoas que eu gosto porque eu, ao contrário das pessoas normais, sou óptima e tenho um gosto maravilhoso. Óbvio que talvez fossem um pouco cretinos, uns mais que os outros, mas é algo que eu posso ignorar já que lá no fundo sinto que isso até lhes dá um certo charme.

É tão mais fácil ter um relacionamento com alguém com quem nunca convivemos ou vamos conviver.

Na vida real, não conheço muitas pessoas pelas quais me sinta feliz por ter conhecido. Há as boas pessoas, e aquelas que têm sempre um sorriso e uma palavra amiga, mas e aquelas verdadeiramente interessantes e cheias de atitude? Uma vez uma amiga descreveu uma pessoa como sendo «incrível». Conclui que conheço poucas pessoas assim.
Conheci no passado, e irei conhecer no futuro. Mas no presente e no dia a dia, com os comentários impensados e as pequenas desilusões, as pessoas «incríveis» escondem-se sempre por trás de véus de aborrecimento.

É tão mais fácil ter um relacionamento com alguém com quem nunca convivemos ou vamos conviver.

Na escola e na faculdade, sem mencionar os verdadeiros amigos, sinto que nunca tive muita sorte. Sempre calhei nas piores turmas, com as pessoas que eu mais abominava. Ok, verdade seja dita. Eu não os abominava verdadeiramente, aprendi a abomina-los. Aos poucos. Dia a dia.
Quando penso em todos os meus relacionamentos que acabaram sem sequer começar, tento convencer-me que, provavelmente, seriam pessoas sem interesse e não valeriam a pena. Aquelas pessoas que não me ensinariam absolutamente nada e nem sequer davam para protagonistas de uma história engraçada qualquer.
Nada melhor para um sorrisinho a meio da tarde, do que saber o quanto ele ou ela era verdadeiramente desprezível, como eu já suspeitava.

E acho que é por isso que gosto de desconhecidos.

Liberdades

Desculpem os amigos que já ouviram esta história vezes e vezes sem conta, mas há coisas que têm de ser registadas.

Outro dia, a propósito do 25 de Abril, estavam na rádio a conversar sobre a liberdade. A pergunta era: “Achas que fazemos um bom uso da nossa liberdade?”
(pergunta que já por si me irrita)
Então liga para lá um miúdo (19 anos) que diz o seguinte: “Ah e tal eu acho que nós, hoje em dia, não sabemos usar a liberdade que temos, antigamente é que era! Cá para mim, a única maneira de voltarmos a dar valor à liberdade seria fazer uma nova revolução”
Ahm?

Muito se fala sobre liberdade. A liberdade de opinião, a liberdade individual, a liberdade de expressão. A verdade é que me parece que quanto mais a sociedade discute um tema, mais ele se torna banal. Repetem-se opiniões mil vezes ouvidas, clichés morais e criticas sem fundamento. Antigamente dava-se muito valor à liberdade porque as pessoas não a tinham e agora que têm será que não lhes damos valor nenhum ou que, simplesmente, entraram na rotina e, portanto, são um dado adquirido fruto de uma sociedade desenvolvida?

A resposta apareceu-me, há dois dia, em frente aos olhos e sem pedir permissão. Eles passeavam na rua nus, nuzinhos como vieram ao mundo (apenas com sapatos, para guardar o dinheiro, supusemos!). Muita risota, lágrimas e dores de barriga. Uma foto aqui, uma gargalhada ali. E veio a pergunta, meia cambaleada:
- Porque?
- Porque somos más libres, disse o que tinha as cuecas tatuadas no corpo e um pénis... bem... não fica bem comentar.

Barcelona é, alegadamente, a única cidade onde se pode andar nu na rua. E resolveram tirar partido dessa liberdade. (há dois anos)

O mundo gira

Fui ali e voltei e, sem mais nem menos, o mundo tinha mudado.
Estávamos deitados no jardim a apanhar um sol de fim de tarde e a divagar sobre a vida. O que poderá ter acontecido no mundo nestes três dias de isolamento?
- Se calhar o Fidel morreu, disse uma a ajeitar os óculos de sol
- Ou então o Alberto João Jardim assumiu a liderança do PSD, disse ela que muito delira com estes “assuntos de jornal”.
- E se o outro tiver arranjado uma namorada, ou pior, voltado com a ex? perguntou ele a queixar-se da relva que picava.
- Não, espera! Se calhar os trabalhistas perderam em Londres.
Quando chegámos, toca de ler os jornais e ligar aos amigos, ver se o mundo ainda estava no seu lugar.
E não é que o Brown foi mesmo responsável pela derrota dos Trabalhistas em Londres, que teve apenas 24% dos votos? (o pior resultado da historia!)
“O mundo gira”, já dizia a minha mãe!

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