Escutar

7.7.18

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8 meses. 8 meses que lá atrás, em dezembro, parecia que seriam uma eternidade.
8 meses em que fizemos tantas coisas juntos. Viajamos, conseguimos novos clientes, fomos a concertos e até trabalhamos para um festival de música. Fizemos yoga e natação para as dores nas costas. Crescemos. E gravamos um documentário .
8 meses escutando “que barriga tão pequena”. E repetindo sempre o mesmo: “Estamos ótimos”.
8 meses falando em plural.
Como será formar uma família sem esta espera? A espera que parecia tão longa e que agora parece imprescindível. Lembro-me de pensar que ainda só me sentia 60% mãe. Agora estou em 90, uns 93%, talvez.
Aprendi tanto. Aprendemos tanto. Vibrei com os primeiros “choques” na barriga, que eram os teus pontapés. Descobrimos que gostavas de laranja. E de fruta em geral. Tens uma música preferida e respondes com carinho à voz do teu pai. És um sortudo.
E nós, como família-em-construção, fomos aprendendo a escutar. A escutar-te.
Quanto tens fome. Quando estás a crescer e barriga dói. Não faz mal. Ouvimos-te e sabemos quando precisas parar, quando o destino é o sofá.
As caminhadas passaram de 17km a menos de um, mas as dores nas costas desapareceram. As idas à balança também. E a preocupação pelo corpo flácido, a roupa que não serve, o look que realça a barriga.
Aprendemos a fazer menos planos, a não ter medo a dizer não, "afinal não podemos", a passar uma noite de sábado em casa. Perdemos a fobia a descansar. Descansar e escutar.

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