Os outros

16.7.18


Ainda nem começou mas já deu para perceber como vai ser. No mundo da maternidade todos têm algo a dizer. “Que barriga tão pequena”, “tens de comer mais”, “não comas tanto”, “não comas açúcar”, “come o que te apetecer” “não faças desporto”, “não devias ter deixado o exercício” “compra isto” ou “nunca jamais compres aquilo”, têm sido um clássico durante estes meses.
Também temos a versão da enfermeira que conta histórias de morte súbita de recém nascidos para explicar que as massagem não ajudam sempre. Os amigos que relatam as suas peripécias: partos prematuros, noites no hospital, infecções, bebés chorões e santos. Há de tudo.
Sempre aparece aquela conhecida mais radical: “não pode comer até aos seis meses”, “sem bolachas até aos dois anos”, “nunca dês chucha antes do primeiro mês”, “pede alta voluntária depois do parto”. E a versão mais desenrascada: “molha a chucha no sumo de laranja”, “dá-lhe remédios para as cólicas”, “no seu quarto a partir do primeiro mês”.
E nós pelo meio. Tentando driblar os comentários, relativizar, pensar que “não é por mal”. Tentando que nada nos afecte, que não nos dê insónia, que não nos maçe nas horas mortas. Tentando seguir o nosso instinto e ao mesmo tempo pensando: “Será que isso existe realmente?”
Tantas dúvidas, tanto tempo para refletir. Tantas opiniões, tantas perguntas. “Como estas?”, “Como vai isso?”.
E tão difícil resumir este turbilhão em palavras.

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