A resistência

22.8.10

As minhas amigas aqui na Coruña são betinhas, muito betinhas. Às vezes saímos para jantar. Somos umas oito, nove. Quando chego ao restaurante ali estão elas. É fácil encontra-las. Basta seguir o cheiro dos perfumes e as olhadas dos homens descarados. Maquilhagem Chanel, cabelos penteados, vestidos justos, mini-saias, tops transprentes, malas de 200 euros, sapatos com saltos de 10 centimetros.
Quando andamos pela rua, toc toc toc, são incontáveis os números de piropos, de rapazes que vêm meter conversa, de namoradas furiosas pelo olhar furtivo do seu homem. Agora imaginem esse cenário e juntem-lhe uma rapariga mais: eu, o patinho feio. Calaças de ganga, all-star e t-shirt larga.
Elas perguntam-me porque nunca me maquilho e eu respondo com sorrisinho maquiavélico: “Porque ao contrário de ti, eu não preciso." E elas riem-se e gostam de ter-me por perto, sou como o membro exótico do grupo. Em Portugal diziam-me que eu era uma tia do Estoril, aqui, dizem-me que sou A Resistência. Gosto disso.

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