A cozinheira

15.8.10

Eu sou daquelas pessoas que não cozinha. Daquelas que queres evitar fazer uma visita a horas de refeição. Nunca vou ao supermercado e nunca tenho comida em casa.
Almoço no trabalho e, de preguiçosa, não janto. Nunca janto.
Nem sempre fui assim. Já fui daquelas que quase não almoçava e defendia a importância do jantar. Antes, com papá e mamã. Mas agora, mãe e pai de mim mesma, cozinheira da minha própria pessoa, descobri os minutos perdidos a preparar as refeições, os vernizes estragados da louça lavada à mão. Os cheiros, a gordura e os restos.
Resolvi mudar de vida, ceder ingredientes a amigos cozinheiros ou simplesmente desfrutar de deixar euros em comércios que fazem comida para me alimentar. Não sou esquisita, ingiro qualquer tipo de substância que dê energia ao meu corpo. Elogio sempre os petiscos alheios e retribuo-lhes com beijinhos, abraços e “o que seria da minha vida sem ti”. Esses mesmos amigos simpáticos acham que eu não sei cozinhar. Não conhecem o meu passado de massas, saladas e inventos culinários. De jantares à luz de velas e receitas impressas no trabalho. E eu não refuto. Oculto toda e qualquer tipo história gastronómica. Porque, enquanto durar, continuarei a viver da fama de coitadinha-não-sabe-fritar-um-ovo. E direi, com orgulho, a todos os que quiserem ouvir: eu sou daquelas pessoas que não cozinha.

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