La siesta

10.6.09

Lembro-me que quando cheguei a Espanha fiquei espantada com o tempo que as pessoas demoravam a almoçar. Entre a salada, o primeiro prato, o segundo, o pão, a sobremesa e a o café (com leite), passavam-se quase duas horas. Como era novata, ainda não tinha à-vontade para escapar-me da mesa a meio do “ritual” e então aproveitava esse tempo para pensar em todas as coisas produtivas que poderia estar a fazer ou que iria fazer quando o eterno almoço acabasse.
Os meses foram passando e eu tornei-me especialista em sair da mesa a meio da refeição, que é como quem diz, uma hora depois do início do almoço. Mas desde que cheguei a Vigo, passa-me uma coisa curiosa:
Por aqui os jornalistas fazem uma pausa de duas horas e meia (as vezes três, vá…) a meio do dia. Quando escreveram no meu contracto que eu teria três horas de almoço, supus que seria tão indicativo quanto as “oito horas” que os jornalistas deveriam trabalhar diariamente. Mas parece que neste caso a “indicação” era verdadeira.
É por isso que, desde há três dias, venho almoçar a casa. O problema é que não sei muito bem como enfrentar-me a essa situação. Vou ao supermercado, cozinho, como, vejo televisão e lavo a louça e sempre que olho para o relógio apercebo-me que ainda só passou metade do meu tempo de almoço. Dedico o resto da minha “pausa” a andar como barata tonta pela casa e a pensar no lead da notícia que vou escrever à tarde.
Não consigo parar de perguntar-me se um dia vou encontrar utilidade para esta “pausa forçada” ou se o melhor mesmo é inscrever-me no ginásio à hora do almoço e desprezar totalmente este último esforço para uma “melhor adaptação e compreensão da cultura espanhola”.

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