Jornalismo vs. Calças Brancas

22.6.09

Eu tenho um par de calças das quais gosto especialmente. São velhinhas e um pouco rasgadas nas pontas, justas e com uma boca de sino enorme. Ficam exactamente a um milímetro de roçar no chão. E são brancas, bem branquinhas.
Hoje de manha acordei com aquela sensação de “hoje é dia de calças brancas”. Abri a janela, olhei para o céu e confirmei que São Pedro me apoiava nessa decisão. Juntei ao meu look de verão umas sandálias “rasteirinhas” e lá fui eu trabalhar.
Mal cheguei, diz-me o meu chefe:
- Precisamos que vás ao porto falar com os pescadores sobre a venda de sardinhas.
E a Marina e o seu caderno companheiro rumam ao porto. Ao chegar, apercebo-me que se tinham esquecido de comentar um pequeno detalhe. É que no porto, ao meio dia, já não há sardinhas nem pescadores. O recinto transforma-se numa poça gigante de gelo derretido, misturado com sangue e restos de peixe estragado. E, enquanto buscava uma "alma bondosa" que falasse comigo sobre as venda de sardinhas para o São João, as minhas queridas calças brancas aproveitaram para deliciar-se a “beber” toda aquela agua desperdiçada no chão.
À tarde, ao chegar à redacção, perguntam-me:
- Mas Marina, mudaste de roupa?
Então eu contei-lhes o que hoje tinha aprendido:
- Um jornalista deve sempre ter em casa um bom Tira Manchas, e, já agora, as calças brancas são um mau investimento para este tipo de profissionais.
Eles riram-se. Mas eu não percebi porquê.

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