Ele disse-me assim, de voz desinteressada:
- É que por mais que estudes, nunca vais saber falar tão bem espanhol quanto eu.
Não era presunçoso, prometo. O contexto falou por si.
Conversávamos sobre as famosas “barreiras ao idioma”, sobre as dificuldades em fazer o que antes seria tão apetecÃvel: escrever uma página dupla ou um grande artigo de opinião. Das vantagens do texto curto, simples, objectivo. E eu que sempre gostei de floreados.
Mas, de repente, o meu amigo perdeu-me. Fiquei-me por aquela frase. Tão dolorosamente verdadeira.
E lembrei-me da minha mãe. E das suas sabedorias de mãe. Disse-me ela uma vez que nunca ninguém sabe falar tão bem um idioma como a sua lÃngua materna.
Eu agora que já sou grande, e ser grande tem destas vantagens, modifico em uns centÃmetros as suas medidas teóricas e pergunto-me: Quanto tempo é preciso para fazer de uma lÃngua a minha lÃngua materna? Tanto quanto fazer de uma estranha uma nova mãe?
Penso em mim, não na minha mãe, e na minha lÃngua materna que tão pouco domino. Na minha lÃngua emprestada que apesar de levar melhor, não o faço tão bem “quanto eles”. Falta-me o cabo e a trindade, diria.
E concluo que voltei a pensar um pensamento sem conclusão. Mais uma vez.
Enquanto isso, na minha cabeça correm calendários.
- É que por mais que estudes, nunca vais saber falar tão bem espanhol quanto eu.
Não era presunçoso, prometo. O contexto falou por si.
Conversávamos sobre as famosas “barreiras ao idioma”, sobre as dificuldades em fazer o que antes seria tão apetecÃvel: escrever uma página dupla ou um grande artigo de opinião. Das vantagens do texto curto, simples, objectivo. E eu que sempre gostei de floreados.
Mas, de repente, o meu amigo perdeu-me. Fiquei-me por aquela frase. Tão dolorosamente verdadeira.
E lembrei-me da minha mãe. E das suas sabedorias de mãe. Disse-me ela uma vez que nunca ninguém sabe falar tão bem um idioma como a sua lÃngua materna.
Eu agora que já sou grande, e ser grande tem destas vantagens, modifico em uns centÃmetros as suas medidas teóricas e pergunto-me: Quanto tempo é preciso para fazer de uma lÃngua a minha lÃngua materna? Tanto quanto fazer de uma estranha uma nova mãe?
Penso em mim, não na minha mãe, e na minha lÃngua materna que tão pouco domino. Na minha lÃngua emprestada que apesar de levar melhor, não o faço tão bem “quanto eles”. Falta-me o cabo e a trindade, diria.
E concluo que voltei a pensar um pensamento sem conclusão. Mais uma vez.
Enquanto isso, na minha cabeça correm calendários.