Ainda nem começou
mas já deu para perceber como vai ser. No mundo da maternidade todos têm algo a
dizer. “Que barriga tão pequena”, “tens de comer mais”, “não comas tanto”, “não
comas açúcar”, “come o que te apetecer” “não faças desporto”, “não devias ter
deixado o exercício” “compra isto” ou “nunca jamais compres aquilo”, têm sido
um clássico durante estes meses.
Também temos a
versão da enfermeira que conta histórias de morte súbita de recém nascidos para
explicar que as massagem não ajudam sempre. Os amigos que relatam as suas
peripécias: partos prematuros, noites no hospital, infecções, bebés chorões e
santos. Há de tudo.
Sempre aparece
aquela conhecida mais radical: “não pode comer até aos seis meses”, “sem bolachas
até aos dois anos”, “nunca dês chucha antes do primeiro mês”, “pede alta
voluntária depois do parto”. E a versão mais desenrascada: “molha a chucha no
sumo de laranja”, “dá-lhe remédios para as cólicas”, “no seu quarto a partir do
primeiro mês”.
E nós pelo meio.
Tentando driblar os comentários, relativizar, pensar que “não é por mal”.
Tentando que nada nos afecte, que não nos dê insónia, que não nos maçe nas
horas mortas. Tentando seguir o nosso instinto e ao mesmo tempo pensando: “Será
que isso existe realmente?”
Tantas dúvidas,
tanto tempo para refletir. Tantas opiniões, tantas perguntas. “Como estas?”, “Como
vai isso?”.
E tão difícil resumir
este turbilhão em palavras.