Tikilitikili

29.4.17

E entao puseram-nos num camelo. Cada um com a sua garrafa de agua. O ritmo era lento. As costas sofriam, a areia entrava nos olhos mas quando os graus desceram, aquele deserto com plantas, excrementos e bichos que davam puns em andamento, foi ganhando cor. O sol pintou a areia de amarelo, e a paisagem árida, plana e desinteressante transformou-se em perfeitas dunas. Dunas virgens. Os nossos camelos chamavam-se pineapple e king kong. Tentamos fugir da turistada. Deixamos os homens a cozinhar. Faziam chai, curry, arroz, chapatti. Muito ou pouco spicy? Nos só queríamos escapar!
Subimos e descemos montes de areia, saltámos, disparámos fotos a turnos.
Com a noite chegaram as estrelas e os escaravelhos. "Não são perigosos" - defenderam os homens do deserto- "so fazem tikilitikili.
Já não nos lembrávamos dos bichos encorvados com nomes americanos. Eramos só nós e as estrelas com constelações inventadas e um ou outro grito histérico sempre que um escaravelho queria subir pela nossa perna. Não era medo. Era só a natureza a fazer tikilitikili.

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