Perdi tudo.

25.2.15

Primeiro foi o banco. Fechar a conta? Só se vier pessoalmente. "Mas a filial mais próxima está a 500 kilomentros".  Ah, que pena, respondem. Não há outra opção.
Bancos. Detesto-os com todas as minhas forças.
E então lá viajei os tais 500 kilometros para recuperar o meu dinheiro. Reclamação, queixa formal e, finalmente, dinheiro recuperado.
Aproveitando a viagem fomos visitar uns amigos. "Ai, que saudades, quanto tempo!", comprámos os bilhetes, vamos para o autocarro, blablabla durante quase duas horas. E chegámos ao meio do monte. Uma vida entre hortas, conversas e passeios. E antes de tomar umas cañas vou buscar a carteira. Onde está? Desfaz a mochila, desfaz a bolsa, desfaz a cama. Nada.
Perdi a carteira. Aquela carteira que tinha todo o dinheiro pelo qual tinha viajado 500 kilometros. Essa mesmo.
E então o drama começa a rodear aquele fim de semana perfeito. Faço contas de quantos dias de trabalho (e de stress) precisei para ganhar aquelas notas perdidas. Penso nos documentos e na dificuldade de ser uma "cidadã do mundo". Começo as buscas na internet. ¿Segunda via da carta de condução? 20 euros. ¿Segunda via do cartão da segurança social? 20 euros.  ¿Segunda via da residencia? 20 euros. ¿Segunda via do cartão de identidade? 200 euros para ir a Portugal e 20 euros para renovar o documento.
Penso no meu cartão internacional de jornalista, no meu eterno cartão de estudante, no desconto do ginasio e no cartão da empresa. E chego à conclusão que perdi tudo.  Sou pobre e indocumentada.
Com a volta à cidade e à rotina tudo parecia ainda mais negro. Até que o telefone tocou.
"Encontramos a sua carteira". Como? O que? Belisca, belisca. Com todos os documentos?, pergunto. Com documentos e muito dinheiro, respondem.
Agredeci.
Já devolvi muitas vezes na minha vida carteiras com dinheiro, mas nunca pensei que isso aconteceria comigo. Desde então voltei a ter fé na humanidade.

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