Vira-casacas

13.7.10

Estávamos ali no meio daquela praça tingida de vermelho. Ali, esmagadas e banhadas de copos de cerveja voadores. Ali, em biquinhos dos pés, esquivando-nos dos cabeçudos. Não vimos muito, é certo. Não vimos quase nada. Mas estávamos ali. E de repente, saltos, gritos, abraços, música, tambores, mais e mais saltos. Faltavam quatro minutos e tínhamos sido recompensadas por aquela tortura de cabeças e dores nas costas. Porque estávamos ali naquele momento histórico e isso não tinha preço. Começaram os cânticos e nós com eles. “Viva Espanha”, “Campeones!” e até o famoso “Yo soy español”. Até que alguém se apercebe e grita para as infiltradas: “Olha lá! Que é que fazem aqui a celebrar? Não estavam pelo Brasil?”. E nós respondemos, embrulhadas na bandeira vermelho-amarela: “Viemos ensinar-vos como se celebra uma vitória, é que sabes, já temos muita experiencia”.
No dia seguinte, olhos cansados, e cara amassada, alguém grita no trabalho: “A principal lição que eu levo deste mundial é que a Marina é uma vira-casacas!”. E outro acrescenta: “Ela tinha quatro equipas porque, no fundo, o que queria era só uma razão para celebrar”.
Missão cumprida. Muito bem cumprida.

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