Férias-de-semana

22.7.10

Trabalhar é viver os fins-de-semana como férias. É chegar à sexta-feira, tirar o relógio do pulso, deitar na toalha da praia e suspirar. Porque trabalhar para mim é isso: ter fins-de-semana.
E então vamos de viagem, comemos em restaurantes, preguiçamos na cama até horas indecentes. Vadiamos pela cidade, dançamos até cansar. Bebemos e dizemos tonterias. Fazemo-nos passar por adolescentes inconsequentes. Porque as ferias são assim, irresponsáveis. Depois comemos porcarias, e comemos mais porcarias, vestimos roupas decotadas e despenteamos o cabelo. Damos erros idiomáticos e isso não nos preocupa. Sim! Pela primeira vez isso não nos preocupa minimamente. É que nas ferias, meus amigos, quem se interessa pela gramática?
E soma e segue. Porque férias não são férias se não se aproveita todos os segundos de cada dia. E então toca a comer mais, dormir menos, falar, falar, falar. Lemos o jornal, anotamos mentalmente os temas mais interessantes, pomos um post-it fosforescente de “não esquecer”; e de volta às férias. Comentamos a roupa do fulano e a atitude do sicrano. O verniz que estalou ou o sapato que rompeu. Porque nas ferias, e isso é a parte boa, não há reforma laboral, lei das caixas, fusão e Opas. Isso fica para mais tarde.
E o mais tarde vai chegando, e nós empurrando o tempo com a barriga. Ainda falta uma noite de cerveja gelada na esplanada e confissões sussurradas naquele sofá tão conhecido. Uma manhã de suspiros e um passeio de carro que já vai tendo cara de trabalho. E então entramos na redacção, mudamos de cara, pomos a nossa mascara responsável e começamos um novo countdown.

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