Acabou. Foi um mês de noites agitadas, madrugadas trabalhosas, despertadores que tocavam demasiado cedo. Foi um mês de viagens, entrevistas, planos, recursos e textos. Foi um mês de pesquisa, de números, de músicas e de ideias. Semanas de montagem, de superar-se, de gostar. De não gostar. De dúvidas, perguntas e conselhos. Agora já está. Clicámos em finalizar projecto e apagámos o computador. Já tenho um DVD em casa que depois de 15 minutos vem escrito o meu nome. E eu gosto desses 15 minutos. Amo-os. Mas também os odeio muito. Penso em tudo o que podia ter sido melhor, anoto os erros, vejo falhas onde mais ninguém vê, corroo-me por dentro cada vez que clico em play. Amanhã será emitido com todos os seus defeitos, imperfeições, beleza, harmonia e superação. Amanhã é o grande dia. Daqui a um mês a história repete-se.
Decidimos do nada. E do nada fomos. Convidaram-nos para ficar. Ficámos. A viagem foi longa. Havia demasiadas paradinhas planeadas. O jogo do eurobasquet, o arroz de feijão, a bienal de arte contemporânea. E quando chegamos já era de noite. Fomos recebidos com gomas e sushi (há melhor combinação no mundo?). De pequeno almoço, queijo, e de almoço passeios pelas ruas solarengas da cidade do berço. E depois um sangria e outra mais. Mas por que é que vocês bebem tanta sangria, diz o galego. E nós rimo-nos na cara dele. Toda a gente sabe que, na verdade, a sangria é uma invenção portuguesa. Também houve música e dança. O outro aprendeu a dizer Bueda Fixe e Que se lixe. Salada de grão, shots de pastel de nata, pão com toucinho. Ah, e mais sangria. Também queriamos conhecer o castelo, mas enganamo-nos de caminho. Acabámos num parque natural. Também serve. E sempre que volto, penso, deveria fazer isto mais vezes.
Há uns meses que estou casada. Uma experiência enriquecedora, eu diria.
Vivemos juntos. Dormimos juntos, acordamos juntos e até trabalhamos juntos. Penso nele todos os dias, durante todo o dia. Às vezes até tento desligar-me. Vou sair com os meus amigos... mas é inevitável. De repente, sem aperceber-me, lá estou eu, outra vez, a pensar nele. No duche, no café, na natação. Em sonhos, durante o jantar, na publicidade do programa.
Não somos sempre felizes, tenho de admitir. O stress, o dia-a-dia, a pressão de ser perfeitos. Mas vamos aguentando e, o mais importante, estamos a evoluir. Juntos.
Esta é a primeira vez que faço uma grande reportagem. Entre o pré-guião, guião, músicas, planos, cortes, recursos, gráficos e textos, estou totalmente absorvida pelo bicho.
Mas não faz mal, pus a aliança no dedo e assumi que durante este mês viveremos um para o outro. Em outubro peço o divorcio. Mas até lá, meus amigos, não tentem falar comigo de nenhum tema que não seja o "envelhecimento da população". Nunca achei que esses velhinhos tão simpáticos e carinhosos me iam dar tanto trabalho.