"Isto"
18.11.10Já ouvi muitas vezes e tenho a certeza que continuarei a escutar com certa frequência a pergunta: “Porquê a Corunha? Porquê a Galiza?” Vi muitas caras de desilusão quando troquei Madrid e um trabalho com 4 milhões de espectadores, pela Galiza e as audiências de 300 mil. Desaprovaram, disseram-me que não fosse, torceram-me o nariz.
Mas eu vim. Mesmo aqui perguntam-me chocados como fui capaz de trocar Lisboa por “isto”. Então passo a contar o que é “isto” e porque é que “isto” me faz tão feliz.
Vivo a 10 minutos da praia, 5 minutos do ginásio, 0,5 minutos do supermercado, 0,7 minutos do banco. Vivo a 1 minuto do centro comercial, do cinema e da esplanada para tomar uma cerveja numa tarde solarenga. Tomo o pequeno-almoço no bar da esquina, onde leio gratuitamente os jornais locais e nacionais. Todos os meus amigos vivem no máximo a 15 minutos da minha casa (não há distancias maiores que esta na minha cidade). Trabalho com política e economia e todos os dias tenho um desafio intelectual maior que o anterior. Quando chega o fim de semana entramos no nosso modo de ferias. Passeamos pelo paredão e pelo centro da cidade. Comemos churros, gelados e coisas gordas. Queremos lá saber se isso engorda. Fazemos almoços caseiros, vamos a restaurantes de moda e saímos à noite. Saímos “até à morte” como costumamos dizer. E quando o sol nasce voltamos para casa, a pé, fechamos as persianas e dormimos até quando nos apetecer. Porque “isto” é a minha vida. Sem satisfações que dar, problemas maiores que resolver, grandes dramas, obrigações ou stresses constantes. Se calhar um dia farto-me, deixo tudo isto e vou viver para Tokio, mas até lá, parem de me perguntar o que estou a fazer neste fim do mundo. Porque eu contunuarei a dar sempre a mesma resposta: "Isto" é o meu pequeno paraíso.
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